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ORIENTE MÉDIO
Primeiro-ministro de Israel tenta diminuir oposição da direita, da esquerda, dos árabes e do Ocidente
Netanyahu atrai críticas até de sua mãe
PATRICK COCKBURN
do `The Independent', em Jerusalém
Até a manhã do domingo, parecia que o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, estava sendo criticado por todo mundo, menos
sua própria mãe. Mas isso mudou.
Zila Netanyahu, 84, disse numa
entrevista que os atos de seu filho a
deixavam constrangida, muito
mais do que orgulhosa. Ela se queixou especialmente do fato de ``Bibi'' ter libertado prisioneiros palestinos e qualificou a paz com os
árabes de ``um absurdo''.
O que não falta a Netanyahu são
críticos, tanto em Israel quanto no
exterior. Na semana passada Ariel
Sharon, ministro da Infra-Estrutura e arquiteto de sua vitória eleitoral de maio passado, teria dito a
um grupo de colonos israelenses:
``Bibi Netanyahu é um perigo para
o Estado de Israel. Não acredito em
uma palavra que sai da boca desse
homem''.
Israel se prepara para iniciar os
trabalhos de levantamento topográfico em Har Homa (que os palestinos chamam de Jabal Abu
Jhneim), onde será construído um
assentamento exclusivamente judaico para 26 mil pessoas, desafiando a condenação internacional
e correndo o risco de suscitar reações violentas na Cisjordânia.
Qualquer crédito internacional
que o premiê israelense possa ter
ganho com sua retirada parcial de
Hebron, em janeiro, evaporou.
Ontem Arafat falou que os ``truques'' israelenses estão provocando uma crise no processo de paz.
Seu discurso pode ter sido inspirado tanto pela consciência da posição fraca em que Netanyahu se
encontra e o desejo de maximizar
o apoio internacional aos palestinos quanto por seu desapontamento com o fato de apenas 7% da
Cisjordânia passar para o controle
total da Autoridade Palestina.
Outros 2% ficarão sob controle
conjunto palestino-israelense. Isso
significa que mais 200 mil palestinos em 50 cidades e povoados ficarão livres da ocupação israelense,
pela primeira vez desde 1967.
Ao mesmo tempo que avança
lentamente demais para satisfazer
os palestinos, Netanyahu já fez o
suficiente para suscitar a ira da direita israelense, à qual pertence.
Essa é a segunda crise que enfrenta. A extrema direita considera
que ele está entregando a Cisjordânia aos palestinos e pondo fim a
seu sonho de ver Israel estendendo-se do rio Jordão até o mar Mediterrâneo.
Desconfia, também, que quando
1,1 milhão de palestinos, contando
com forças de segurança próprias,
deixarem de viver sob o controle
diário do Exército israelense, ficará difícil, tanto em termos políticos quanto militares, para Netanyahu manter o controle de mais do
que alguns poucos segmentos da
Cisjordânia.
Até mesmo alguns integrantes da
coalizão do premiê dizem que talvez votem contra ele numa moção
de desconfiança. Não serão suficientes para provocar a queda do
governo, que tem maioria de 68 no
Knesset, com 120 membros.
Embora estejam irados com seu
líder, os membros da coalizão governante não querem perder seus
cargos no governo.
Oposição desunida
A possibilidade mais sombria
para Netanyahu é um movimento
para mudar a legislação, para que
seja possível promover a demissão
do premiê, sem dissolver o Knesset, por uma maioria simples de 61
votos. Atualmente seriam necessários 80, número que é politicamente inviável.
Essa mudança constitucional
pode acontecer se a oposição oficial, composta pelos trabalhistas, o
Meretz e os partidos árabes, se juntar com a direita dissidente e os adversários de Netanyahu dentro de
seu próprio partido, o Likud
-que são muitos.
Uma manifestação promovida
em Tel Aviv no mês passado com o
intuito de demonstrar a unidade
partidária exerceu o efeito oposto.
Outros líderes do partido não
puderam discursar. Os defensores
de Netanyahu foram acusados de
mobilizar grupos de agitadores
que gritavam ``traidor'' quando
seus adversários queriam se manifestar. Felizmente para o premiê,
seus inimigos se detestam mutuamente tanto quanto odeiam a ele.
São essas divisões que talvez lhe
permitam sobreviver.
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