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Republicano explora
vacilações de Kerry
CÍNTIA CARDOSO
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, George
W. Bush, e os estrategistas da
campanha republicana elegeram
na última semana o que para eles
é o calcanhar-de-aquiles do virtual candidato democrata, John F.
Kerry: suas oscilações políticas.
Bush e os republicanos vêm divulgando posições contraditórias
manifestadas por Kerry para praticamente todos os principais temas da campanha eleitoral: Guerra do Iraque, combate ao terrorismo, casamento gay, conflito palestino-israelense e reforma do
sistema educacional dos EUA.
"Meu oponente tem fortes convicções; elas apenas não duram
muito tempo", disse Bush, na segunda-feira, sobre o democrata.
No site do Partido Republicano,
Kerry é retratado como um lutador de boxe em duelo contra si
mesmo. A cada "round" -são
30-, opiniões opostas sobre um
mesmo tema são apresentadas.
O exemplo mais claro do que é
visto pelos republicanos como
uma incapacidade de Kerry para
se manter fiel às próprias opiniões
está no debate sobre a Guerra do
Iraque. Kerry, senador por Massachusetts, deu voto favorável à
ação militar americana contra
Saddam Hussein -como, aliás,
outros líderes democratas.
Ao longo da campanha, Kerry
passou a criticar duramente a
atuação do governo Bush naquele
país. Em defesa de sua mudança
de posição, o democrata tem dito
que, à época da votação, as evidências apresentadas pelo governo foram enganosas.
Na mais recente polêmica do
país, sobre a legalidade do casamento gay, Kerry também vacilou. No início de fevereiro, o democrata criticou a decisão da Suprema Corte de Massachusetts,
que havia determinado, em novembro de 2003, não haver embasamento constitucional contra o
casamento entre gays. "Pessoalmente acredito que a corte esteja
totalmente equivocada", afirmou.
Questionado mais tarde, ainda
em fevereiro, declarou: "Nunca
disse que foi errada".
Para Maureen Steinbrunner, do
Centro para a Política Nacional,
as supostas mudanças de opinião
de Kerry na verdade refletem uma
"sofisticação de pensamento" do
democrata. "Para Kerry", ela diz,
"a vida não é preta ou branca."
"É a primeira vez que [o democrata] participa de uma campanha nacional. Ele sente o terreno,
avalia, mas, após chegar a uma
decisão final, ele a defende com
unhas e dentes", afirma.
Na segunda-feira, o vice-presidente, Dick Cheney, e Kerry bateram boca pela imprensa. Cheney
disse que "a indecisão mata", afirmando: "Não é tempo para líderes que mudam com os ventos
políticos". Ao que o senador rebateu: "Decisões precipitadas e
ruins também matam".
As críticas dos republicanos
coincidem com pesquisas que
mostram Kerry à frente de Bush
na eleição presidencial. Segundo
o Gallup, o democrata tem 52%
das intenções de voto, contra 44%
para o republicano. Para o jornal
"The Washington Post", Kerry
tem 48%, e Bush, 44%.
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