São Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Narcoviolência no México domina discussão

DE WASHINGTON

Em janeiro, o Departamento da Defesa dos EUA soltou um relatório em que dizia que a escalada da violência alimentada pelos cartéis de drogas poderia levar o México a fracassar como Estado. O levantamento registrava a preocupação dos americanos com a chamada "contaminação" da fronteira sul.
Nos últimos meses, ganharam a imprensa local relatos de sequestros de americanos por mexicanos em Estados fronteiriços como Arizona e Texas, que até então observavam com calma a violência ao sul do rio Grande. Só Phoenix foi palco de 560 sequestros, crime praticamente inexistente nessa cidade do Arizona até 2007.
"Se a violência continuar e ameaçar a segurança do país, o México pode ser o teste mais difícil de política externa do governo de Barack Obama em relação à região", diz o relatório do Diálogo Interamericano, divulgado ontem, referindo-se às mil pessoas mortas violentamente pelo tráfico nas primeiras oito semanas de 2009.
O assunto foi um dos dominantes no lançamento do texto ontem em Washington, que contou ainda com Thomas "Mack" McLarty, ex-enviado especial às Américas de Bill Clinton (1993-2001) -posto que os participantes especulavam se não iria repetir sob Obama-, Donna Hrinak, ex-embaixadora dos EUA no Brasil (2000-2004), e Carla Hills, ex-secretária de Comércio Exterior de Bush pai (1989-1993).
"O México está em crise, mas nós temos responsabilidade", disse Hills. "Nós somos seus maiores consumidores de drogas e os maiores exportadores de armas ilegais." Ela ressaltou a gravidade da situação ao lembrar que o encontro de ontem acontecia simultaneamente a quatro audiências sobre o tema no Congresso dos EUA.
Na principal, Thomas Shannon, secretário-assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental, e David Johnson, secretário-adjunto para assuntos antinarcóticos, asseguraram que 60% da verba prevista na Iniciativa Mérida já foram entregues ao país. O restante deve chegar até o fim de setembro.
A ação, aprovada pelo Congresso em 2008, destina US$ 1,4 bilhão para o combate ao tráfico de drogas no México e na América Central, a ser usados em três anos.
Políticos democratas e mexicanos atribuíram parte da escalada da violência à demora na entrega de helicópteros e outros equipamentos por parte dos EUA.
"Estamos cada vez mais conscientes de que a violência afeta as comunidades dos EUA ao longo da fronteira", disse Shannon. "De acordo com as agências federais, elementos de organizações criminais baseadas no México estão presentes em 230 cidades americanas."
McLarty não concorda que o México seja um Estado falido. "É preciso mudar o paradigma da relação entre os países, de apenas segurança para um engajamento mais amplo." (SD)


Texto Anterior: Conselho de Defesa do Sul prevê doutrina comum
Próximo Texto: Política repressora contra as drogas opõe UE aos EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.