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Narcoviolência no México domina discussão
DE WASHINGTON
Em janeiro, o Departamento
da Defesa dos EUA soltou um
relatório em que dizia que a escalada da violência alimentada
pelos cartéis de drogas poderia
levar o México a fracassar como
Estado. O levantamento registrava a preocupação dos americanos com a chamada "contaminação" da fronteira sul.
Nos últimos meses, ganharam a imprensa local relatos de
sequestros de americanos por
mexicanos em Estados fronteiriços como Arizona e Texas,
que até então observavam com
calma a violência ao sul do rio
Grande. Só Phoenix foi palco de
560 sequestros, crime praticamente inexistente nessa cidade
do Arizona até 2007.
"Se a violência continuar e
ameaçar a segurança do país, o
México pode ser o teste mais
difícil de política externa do governo de Barack Obama em relação à região", diz o relatório
do Diálogo Interamericano, divulgado ontem, referindo-se às
mil pessoas mortas violentamente pelo tráfico nas primeiras oito semanas de 2009.
O assunto foi um dos dominantes no lançamento do texto
ontem em Washington, que
contou ainda com Thomas
"Mack" McLarty, ex-enviado
especial às Américas de Bill
Clinton (1993-2001) -posto
que os participantes especulavam se não iria repetir sob Obama-, Donna Hrinak, ex-embaixadora dos EUA no Brasil
(2000-2004), e Carla Hills, ex-secretária de Comércio Exterior de Bush pai (1989-1993).
"O México está em crise, mas
nós temos responsabilidade",
disse Hills. "Nós somos seus
maiores consumidores de drogas e os maiores exportadores
de armas ilegais." Ela ressaltou
a gravidade da situação ao lembrar que o encontro de ontem
acontecia simultaneamente a
quatro audiências sobre o tema
no Congresso dos EUA.
Na principal, Thomas Shannon, secretário-assistente de
Estado para o Hemisfério Ocidental, e David Johnson, secretário-adjunto para assuntos
antinarcóticos, asseguraram
que 60% da verba prevista na
Iniciativa Mérida já foram entregues ao país. O restante deve
chegar até o fim de setembro.
A ação, aprovada pelo Congresso em 2008, destina US$
1,4 bilhão para o combate ao
tráfico de drogas no México e
na América Central, a ser usados em três anos.
Políticos democratas e mexicanos atribuíram parte da escalada da violência à demora na
entrega de helicópteros e outros equipamentos por parte
dos EUA.
"Estamos cada vez mais
conscientes de que a violência
afeta as comunidades dos EUA
ao longo da fronteira", disse
Shannon. "De acordo com as
agências federais, elementos de
organizações criminais baseadas no México estão presentes
em 230 cidades americanas."
McLarty não concorda que o
México seja um Estado falido.
"É preciso mudar o paradigma
da relação entre os países, de
apenas segurança para um engajamento mais amplo."
(SD)
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