São Paulo, domingo, 11 de abril de 1999

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Jornalistas têm ações de sites

No mundo da mídia on line, existem jornais pequenos, mas há também lucrativos sites de informações financeiras e técnicas, como o TheStreet.com. Parte de suas ações pertence aos jornalistas que os produzem.
Devido a isso, as 15 universidades dos EUA que oferecem formação específica em jornalismo on line acrescentaram aos cursos de reportagem e de criação de páginas na Internet algumas disciplinas de administração.
A partir do próximo ano escolar, Wall Street não terá mais segredos para os alunos de comunicação da Universidade da Califórnia do Sul, em Los Angeles. Os estudantes terão cursos de administração, gestão financeira e iniciação à Bolsa de Valores.
A mesma coisa está acontecendo no curso de jornalismo da Universidade de Berkeley.
A questão do comércio eletrônico marcou a conferência sobre "Jornalismo on line: do meio à mensagem", realizada recentemente no campus da Universidade de Berkeley, berço do movimento estudantil esquerdista americano nos anos 60.
Mas nenhum dos participantes se aprofundou na discussão das questões éticas envolvidas no jornalismo on line, entre elas o risco de submissão dos sites a seus anunciantes.
Os jornais on line gratuitos derivam sua receita da venda de espaços publicitários e dos links que oferecem a sites de comércio eletrônico.
Todos ouviram com atenção o relato feito pelo jornalista Michael Lewis sobre seu erro infeliz de previsão. Lewis, considerado um dos mais brilhantes jornalistas financeiros dos Estados Unidos, disse o que já tinha revelado a seus alunos de jornalismo em Berkeley: como ele -"pobre idiota", em suas próprias palavras- preferiu escrever artigos mal pagos para o prestigioso suplemento dominical do jornal "The New York Times", com 4 milhões de leitores, a tornar-se multimilionário, trabalhando para um site que tinha 30 mil assinantes na Internet.
Em 96, Lewis rejeitou a oferta feita pelos fundadores da TheStreet.com. Eles lhe ofereceram 2,5% da empresa em troca de uma coluna semanal. Lewis não previu que o site iria tornar-se um grande sucesso e que, em fevereiro, o "The New York Times" iria investir US$ 15 milhões na aquisição de 7,5% dele. Diante da platéia atônita, concluiu: "As ações que recusei na época hoje estariam valendo entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões".




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