São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Após 38 dias de impasse, 13 militantes palestinos são exilados e 26 vão para a faixa de Gaza; Israel sai de Belém

Termina o cerco à igreja da Natividade

Reuters
Palestinos passam por um detector de metais ao deixar a igreja


DA REDAÇÃO

O cerco militar israelense à igreja da Natividade, em Belém (Cisjordânia), acabou após 38 dias. Um grupo de 13 combatentes palestinos procurados por Israel foi o primeiro a deixar o local. Um avião britânica os levou a Chipre, de onde devem seguir para o exílio em outros países europeus.
Outros 26 palestinos que buscaram refúgio na igreja para escapar de ofensiva militar israelense foram transferidos de ônibus para a faixa de Gaza, onde foram recebidos como heróis. Também saíram 84 civis e religiosos que estavam na igreja.
"Finalmente foi dado um passo muito importante, após as dúvidas do Exército israelense, que insistiu em continuar com seus crimes nesses lugar santo", declarou o líder palestino Iasser Arafat.
O Exército de Israel se retirou de Belém. Foi encerrada assim a operação "Muro Protetor" -ofensiva lançada em 29 de março pelo premiê Ariel Sharon para "destruir a infra-estrutura do terror" na Cisjordânia.
Embora seus soldados tenham recuado, porém, Israel continua a cercar localidades palestinas e a fazer diariamente incursões em busca de militantes procurados.

"Avanço positivo"
"O fim do impasse em Belém é um avanço positivo, que remove obstáculo para que seja restaurada a cooperação de segurança e melhora as condições para uma retomada do processo político rumo à paz", disse o presidente dos EUA, George W. Bush.
Diplomatas americanos e europeus participaram das negociações que levaram ao acordo que pôs fim ao cerco. Espanha, Áustria, Itália, Portugal e Grécia são alguns dos países que podem abrigar os 13 palestinos acusados por Israel de terrorismo. O chanceler israelense, Shimon Peres, afirmou ontem que, apesar do acordo, seu país se reserva o direito de pedir aos países europeus a extradição desses militantes para que sejam julgados em Israel.
Os palestinos deixaram um a um a igreja da Natividade -onde, segundo a tradição cristã, Jesus nasceu-, acompanhados de padres franciscanos.
Sujos e cansados, passavam por um detector de metais antes de apresentar documentos a soldados, receber água e sanduíches e entrar num ônibus. Um deles, ferido, foi carregado numa maca. Outros se ajoelharam e rezaram em frente às câmeras de TV.
Militares israelenses e agentes dos EUA encontraram cinco fuzis e cerca de 40 explosivos -alguns deles em armadilhas que tiveram de ser desativadas- dentro da igreja, que estava imunda, mas pouco danificada.

Com agências internacionais


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