São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2005

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EUROPA

Eles pedem que governo aumente mais os honorários

Cirurgiões franceses partem para "exílio" no Reino Unido em protesto

SANDRINE BLANCHARD
DO "LE MONDE"

O trem da Eurostar fretado pelo coletivo Cirurgiões da França estava longe de cheio quando partiu ontem da estação Gare du Nord, em Paris. Apesar de 750 cirurgiões liberais terem se inscrito para a viagem, apenas 300 de fato partiram para Ashford, no Reino Unido, para um exílio simbólico. Vindos de toda a França, eles vão passar quatro dias discutindo a questão de seus novos honorários.
Eles deixaram o território francês para denunciar a "não aplicação" do acordo fechado em agosto do ano passado com o Ministério da Saúde e a Caixa Nacional de Seguro-Doença (conhecida pelas iniciais CNAM), referente ao reajuste dos honorários médicos. "Não estamos exigindo nada adicional -queremos apenas que o governo respeite os compromissos assumidos", declarou o porta-voz do Coletivo, Philippe Cuq.
O acordo, acompanhado por um pacote de 61 milhões, foi fechado sob pressão, alguns dias antes do primeiro "exílio" de cirurgiões no Reino Unido, que acabou cancelado.
O segundo, apelidado pelos organizadores de "segunda Mancha", acabou acontecendo, mas não contou com a aprovação unânime dos médicos.
"Não há razão para partirmos para o exterior", disse Michel Chassang, presidente da Confederação de Sindicatos Médicos Franceses.
Para o Cirurgiões da França, porém, ainda não se chegou a um bom acordo, nem no que diz respeito aos honorários, nem no tocante aos prêmios de seguros.

Premiê operado
O ministro da Saúde, Philippe Douste-Blazy, diz que "os grandes sindicatos médicos não apóiam o movimento de exílio". Ele se surpreendeu pelo fato de os cirurgiões liberais terem escolhido o Reino Unido como destino. "Eu não desejaria para os pacientes franceses um sistema de saúde à inglesa", ironizou o ministro.
Enquanto isso, Xavier Bertrand, secretário de Estado para o seguro-saúde, disse que o acordo está sendo avaliado.
Mas o coletivo Cirurgiões da França denunciou as conseqüências da nova classificação comum dos atos médicos, que recenseou e codificou cerca de 7.000 atos técnicos e chegou a uma grade tarifária "mais justa e eqüitativa", na opinião do governo.
"Os atos que tiveram reajuste foram os raros, e não os mais correntes", afirma Cuq. Oficialmente, a maioria dos 15.973 cirurgiões liberais conseguiram um reajuste de 12,5%.
Entre os "exilados" no Reino Unido há três cirurgiões que trabalham em Dunquerque (norte do país) e Arras, que observaram que "é graças aos cirurgiões liberais que [o primeiro-ministro Jean-Pierre] Raffarin está podendo trabalhar hoje".
Raffarin, 56, recebeu alta depois de uma cirurgia na vesícula biliar. Ele passou três dias hospitalizado.


Tradução de Clara Allain


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