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EUROPA
Eles pedem que governo aumente mais os honorários
Cirurgiões franceses partem para "exílio" no Reino Unido em protesto
SANDRINE BLANCHARD
DO "LE MONDE"
O trem da Eurostar fretado pelo
coletivo Cirurgiões da França estava longe de cheio quando partiu
ontem da estação Gare du Nord,
em Paris. Apesar de 750 cirurgiões liberais terem se inscrito para a viagem, apenas 300 de fato
partiram para Ashford, no Reino
Unido, para um exílio simbólico.
Vindos de toda a França, eles vão
passar quatro dias discutindo a
questão de seus novos honorários.
Eles deixaram o território francês para denunciar a "não aplicação" do acordo fechado em agosto do ano passado com o Ministério da Saúde e a Caixa Nacional de
Seguro-Doença (conhecida pelas
iniciais CNAM), referente ao reajuste dos honorários médicos.
"Não estamos exigindo nada adicional -queremos apenas que o
governo respeite os compromissos assumidos", declarou o porta-voz do Coletivo, Philippe Cuq.
O acordo, acompanhado por
um pacote de 61 milhões, foi fechado sob pressão, alguns dias
antes do primeiro "exílio" de cirurgiões no Reino Unido, que
acabou cancelado.
O segundo, apelidado pelos organizadores de "segunda Mancha", acabou acontecendo, mas
não contou com a aprovação unânime dos médicos.
"Não há razão para partirmos
para o exterior", disse Michel
Chassang, presidente da Confederação de Sindicatos Médicos
Franceses.
Para o Cirurgiões da França, porém, ainda não se chegou a um
bom acordo, nem no que diz respeito aos honorários, nem no tocante aos prêmios de seguros.
Premiê operado
O ministro da Saúde, Philippe
Douste-Blazy, diz que "os grandes
sindicatos médicos não apóiam o
movimento de exílio". Ele se surpreendeu pelo fato de os cirurgiões liberais terem escolhido o
Reino Unido como destino. "Eu
não desejaria para os pacientes
franceses um sistema de saúde à
inglesa", ironizou o ministro.
Enquanto isso, Xavier Bertrand,
secretário de Estado para o seguro-saúde, disse que o acordo está
sendo avaliado.
Mas o coletivo Cirurgiões da
França denunciou as conseqüências da nova classificação comum
dos atos médicos, que recenseou e
codificou cerca de 7.000 atos técnicos e chegou a uma grade tarifária "mais justa e eqüitativa", na
opinião do governo.
"Os atos que tiveram reajuste
foram os raros, e não os mais correntes", afirma Cuq. Oficialmente, a maioria dos 15.973 cirurgiões
liberais conseguiram um reajuste
de 12,5%.
Entre os "exilados" no Reino
Unido há três cirurgiões que trabalham em Dunquerque (norte
do país) e Arras, que observaram
que "é graças aos cirurgiões liberais que [o primeiro-ministro
Jean-Pierre] Raffarin está podendo trabalhar hoje".
Raffarin, 56, recebeu alta depois
de uma cirurgia na vesícula biliar.
Ele passou três dias hospitalizado.
Tradução de Clara Allain
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