DA REDAÇÃO

Tony Blair chega ao final de dez anos como premiê do Reino Unido deixando um legado controverso, no qual tanto a guerra no Iraque como a paz na Irlanda do Norte revelam-se como fatores-chaves.
Os elogios mais entusiasmados vieram do seu aliado na "guerra contra o terror", o norte-americano George W. Bush, que reagiu à notícia ontem dizendo que vai sentir falta de Blair. "É uma figura política capaz de pensar além do superficial. Ele pensa a longo prazo. Ele é um homem que cumpre com a palavra -o que é, às vezes, uma qualidade rara no meu mundo político", disse. "Ele é uma pessoa extraordinária e considero-o um bom amigo," acrescentou Bush. Porém, é esta amizade e a guerra no Iraque que pairam como maior falha de sua carreira política.
Para o líder dos liberais democratas, Menzies Campbell, "a questão do Iraque vai ser o aspecto decisivo do reinado [de Blair]. É considerada por muitos o pior erro em termos de política externa desde Suez".
Os democratas pretendem fazer uma petição à rainha Elizabeth 2ª para que ela dissolva o parlamento e convoque eleições gerais. Ativistas antiguerra protestaram ontem em frente à residência oficial de Downing Street e no reduto onde Blair anunciou a sua renúncia.
O líder conservador, David Cameron, criticou o fracasso de Blair por não fazer o que tinha prometido há uma década em relação à política interna. "Acho que a gente vai se lembrar desses últimos dez anos como sendo de esperanças acabadas e grandes decepções. Muito prometido e pouco realizado", afirmou o conservador.
Na semana passada, Cameron classificou o gabinete de Blair como "o governo dos mortos-vivos", pedindo eleições antecipadas após a iminente saída de Blair. A questão da Irlanda do Norte foi o único aspecto de seu legado em que houve concordância absoluta.
De acordo com o primeiro-ministro da Irlanda, Bertie Ahern, "Tony Blair deixa o cargo com um lugar garantido de honra na nossa história."
A União Européia (UE) também elogiou Blair, afirmando que ele deixou um "legado impressionante" em assuntos cruciais, como ampliação da UE, mudanças climáticas e política energética. O premiê também foi elogiado pelo chefe dos Serviços Nacionais de Saúde britânico pelo "legado positivo" em relação aos hospitais.