São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2010

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China proíbe fumo em hospitais do país

Medida consta de tratado da Organização Mundial da Saúde para Controle do Tabaco, ao qual Pequim aderiu em 2006

Entidades e ativistas dizem, porém, que não há sinais de uma lei que transforme todos os locais públicos do país em livres de cigarro


DA REDAÇÃO

O Ministério da Saúde chinês proibiu ontem o fumo no interior de seus hospitais, mas ativistas antitabaco e entidades de prevenção da saúde lamentaram a falta de uma legislação mais abrangente, que torne todos os locais públicos do país livres de cigarro.
O diretor de saúde comunitária, Yang Qing, disse que, em quatro meses, será proibido fumar em todos os escritórios do ministério.
Cartazes de "não fume" serão postos em salas de reunião, banheiros, estacionamentos e escadas do ministério. Uma área para fumantes será criada do lado de fora do prédio.
Já hospitais e clínicas médicas terão até o ano que vem para se adequar à medida.
A proibição de fumar em locais públicos consta da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, tratado internacional da OMS (Organização Mundial da Saúde) ao qual a China aderiu em 2006.
No entanto, ativistas disseram que ainda não há sinais de uma lei federal nesse sentido. Para eles, um número menor de fumantes pode reduzir os gastos do sistema de saúde relacionados a doenças causadas pelo cigarro, mas também iria afetar a receita do governo.
"A indústria tabagista representa uma grande parte das receitas governamentais, enquanto muitos fazendeiros dependem fortemente de plantações de tabaco", disse Yang Lixia, médico de um dos hospitais da Universidade de Zhengzhou e conselheiro governamental.
"Por isso, não acredito que uma proibição do fumo possa surgir de repente."
A China possui mais de 300 milhões de fumantes (de uma população de mais de 1,3 bilhão), que consomem um terço dos cigarros produzidos mundialmente. Cerca de 1 milhão de chineses morrem ao ano por doenças relacionadas ao fumo.
Esse número deve dobrar até 2020, de acordo com a União Internacional contra a Tuberculose e Doenças Pulmonares.
Quase 60% dos homens chineses são fumantes. Eles consomem uma média de 15 cigarros por dia, principalmente de marcas nacionais, como a Zhongnanhai.
Em muitas cidades já é proibido fumar em locais públicos, embora a aplicação da lei varie até mesmo em escritórios governamentais.
"Na China, planos viram realidade rapidamente apenas se o governo estiver determinado a isso", disse o porta-voz da Associação Chinesa de Controle ao Tabaco (CATC), Zhang Jing, à agência Reuters. "Mas, no momento, o problema é que não temos certeza sobre o que o governo decidiu."
A CATC está realizando uma campanha contra a proposta de nomear o chefe financeiro do site de buscas Baidu -o mais popular do país- para o conselho administrativo da Philip Morris International.
A organização teme que isso torne os cigarros vindos do exterior mais atraentes entre jovens chineses.

Com agências internacionais



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