DA REDAÇÃO

Las Barranquillas, o povoado escolhido pelo governo regional de Madri para abrigar a primeira sala para uso livre de drogas injetáveis da Espanha, é o principal ponto de tráfico e de uso de drogas da região.
São pouco mais de 200 casebres espalhados numa zona sem nenhuma infra-estrutura. As ruas são de terra e não há serviço de transporte público.
O acesso ao povoado é feito por meio de uma trilha num barranco. Poucos são os que se arriscam a chegar até lá, inclusive a polícia.
Contando com esse isolamento, cerca de 4.000 dependentes vão até lá diariamente para comprar drogas como heroína, cocaína e maconha e consumi-las livremente, à luz do dia, numa das vielas de Las Barranquillas.
A invasão dos dependentes começou há pouco mais de dois anos, quando alguns traficantes, expulsos de outros lugares, começaram a ocupar a vila antes formada por poucas famílias de sucateiros.
As drogas são vendidas quase abertamente, a qualquer hora do dia ou da noite, a um preço menor que o das cidades. A micra de heroína (décima parte do grama) é vendida por 600 pesetas (cerca de R$ 6), e a da cocaína, por mil pesetas (cerca de R$ 10).

Redução da violência
Com a inauguração da "narcossala", a Agência Antidrogas de Madri espera que os casos de overdose e mesmo de violência entre dependentes e traficantes possam diminuir.
Um dos obstáculos a esse objetivo, porém, é a distância da sala para o "centro" de Las Barranquillas, de quase 1 km.
"Creio que não haverá problemas quando os dependentes se habituarem com a presença das salas no povoado", disse o diretor da agência, José Cabrera.
"Sabendo que dispõem de um lugar seguro para consumir a droga, eles não vão querer mais se arriscar nas ruas", disse.
Para inaugurar as salas em Las Barranquillas, o governo regional de Madri teve de vencer também a resistência dos vizinhos do povoado, que temem a consolidação da região como ponto de tráfico e violência. (RW)


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