São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Palestino está cercado por tanques de Israel em seu QG em Ramallah

Juntos, Bush e Sharon criticam Arafat

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, recebeu o premiê israelense, Ariel Sharon, na Casa Branca ontem, e os dois líderes manifestaram frustração com a atuação do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat.
Foi o sexto entre os dois desde a posse de Sharon, em março de 2001, enquanto Bush se recusa a encontra Arafat. Ele ocorreu enquanto tropas israelenses voltavam a cercar o QG do líder palestino em Ramallah (Cisjordânia).
"A questão não é Arafat, e sim o povo palestino", disse Bush, ao ser indagado sobre desejo de membros do governo israelense de expulsar o palestino dos territórios ocupados. Ele acrescentou que Arafat decepcionou a população palestina ao não promover desenvolvimento econômico e político e também Israel, por não ter garantido sua segurança.
Sharon, por sua vez, disse ser preciso "um parceiro nas negociações. E, no momento, não vemos um parceiro [palestino" com quem possamos negociar".
O presidente dos EUA disse que discutiu no encontro as reformas na ANP, consideradas necessárias para o restabelecimento da confiança entre israelenses e palestinos, colocando um fim à violência na região.
Para Bush, a ANP está distante de conseguir concretizar as reformas, o que pode atrapalhar a realização de conferência de paz para o Oriente Médio. "As condições [para a realização da conferência" ainda não puderam ser estabelecidas, pois ninguém tem confiança no governo palestino que está surgindo", disse o presidente americano.
Bush acrescentou que, em primeiro lugar, "é preciso saber quais são as instituições necessárias para dar esperança ao povo palestino e confiança aos israelenses de que no governo [palestino" há alguém com quem negociar".
No fim de semana, Arafat anunciou a redução do seu gabinete de 31 para 21 ministros, o que pode abrir caminho para uma ampla reforma de seu governo, como cobram Israel e EUA. Israel considerou insuficiente a iniciativa.
De acordo com a rádio do Exército de Israel, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, teria dito a Bush que, se Arafat não levar adiante as reformas na ANP, ele mesmo atuará para remover o líder palestino de seu cargo.

Cerco a Ramallah
Bush evitou condenar o novo cerco israelense ao quartel-general de Arafat em Ramallah, afirmando que "Israel tem o direito de se defender". Israel diz que a ação terá duração limitada e é uma resposta a atentado suicida do grupo extremista islâmico palestino Jihad Islâmico contra um ônibus em Israel, que matou 17 passageiros.
Tanques e blindados israelenses, escoltados por helicópteros, entraram na cidade, cercaram o quartel-general de Arafat e impuseram toque de recolher. Um policial palestino foi morto. Dezenas de pessoas foram presas. Segundo assessores do líder palestino, ele está dentro do complexo, no qual chegou a ficar cercado por cerca de cinco meses.
O ministro da Informação palestino, Iasser Abed Raboo, disse que Israel busca destruir a ANP e que a visita de Sharon demonstra que "o governo dos EUA apóia a operação e a ocupação israelense". O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que ação israelense é limitada e tem o objetivo de prender terroristas.


Com agências internacionais


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