|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRIME
Antigo chefão era conhecido por seu jeito elegante e por escapar de condenações até 1992, quando foi sentenciado à pena perpétua
Gotti, líder mafioso de NY, morre de câncer na prisão
SELWYN RAAB
DO "THE NEW YORK TIMES"
John Gotti, 61, o chefão nos anos 1980 da mafiosa família
Gambino, de Nova York, até ser condenado à prisão perpétua,
morreu ontem em uma prisão hospitalar em Springfield, no
Missouri. Ele sofria de câncer desde 1998, quando foi diagnosticado
ao cumprir pena em uma prisão
de segurança máxima.
Gotti sempre foi diferente dos
tradicionais líderes mafiosos, que
evitam dar publicidade a suas vidas privadas. Ele preferia aparecer em público, atraindo a atenção da imprensa como o chefão
do mais influente grupo de crime
organizado dos Estados Unidos.
Era visto com frequência jantando com celebridades do "showbiz" em restaurantes elegantes de
Nova York e em casas noturnas
escoltado por guarda-costas.
No fim de 1985, quando Gotti
arquitetou o assassinato de seu
antecessor, Paul Castellano, em
Manhatan, até 1990 -quando foi
preso e, dois anos mais tarde, condenado à prisão perpétua-, a
aparente imunidade dele a punições da Justiça lhe conferiu um
status mítico. Ele chegou a ser
inocentado em três julgamentos.
Por escapar das condenações,
os tablóides nova-iorquinos o
apelidaram de "Dom Teflon".
Outro apelido era "Dom Garboso", por suas roupas e modos elegantes. No auge de seu poder,
Gotti vestia ternos de US$ 2.000,
com gravatas de US$ 400. Grande
gastador, comprava garrafas raras
de conhaque, pagando cerca de
US$ 1.000 por cada uma delas. E
nunca se preocupou em perder
mais de US$ 250 mil jogando em
cassinos.
Salvatore Gravano, o braço direito de Gotti antes de desertar
para ajudar o governo a derrubar
seu antigo chefe, disse que o líder
mafioso se enxergava como um
Robin Hood, admirado e respeitado por todos.
Certa vez, quando estavam em
um restaurante e Gotti era o centro das atenções, Gravano lhe perguntou se ele não ficava incomodado de ficar sendo observado
pelas pessoas. "Não, não", teria
respondido o mafioso. "Esse é
meu público. Eles me amam."
Em contraste com sua personalidade amigável que procurava
demonstrar em público, fitas secretas gravadas pelo FBI (polícia
federal dos EUA) e testemunhos
de antigos seguidores pintam um
retrato sinistro de Gotti: o de um
tirano narcisista, com temperamento furioso, que traía seus aliados e ordenava sem perdão o assassinato de pessoas que ele suspeitava serem informantes ou que
não lhe tivessem mostrado respeito.
As fitas do FBI e o depoimento
de ex-aliados, especialmente Gravano, levaram Gotti à prisão e à
sua condenação. Ele foi casado
com Victoria di Giorgio, com
quem teve cinco filhos.
A família Gambino, no período
em que foi chefiada por Carlo
Gambino e Paul Castellano, praticava várias atividades ilegais, porém sempre ficaram longe do narcotráfico. Esse tipo de crime foi
adotado pelo grupo apenas após
Gotti assumir o poder.
Com agências internacionais
Texto Anterior: EUA: Idoso ataca abadia, mata dois e se suicida Próximo Texto: ONU: Líderes ocidentais não comparecem à Cúpula Mundial da Alimentação Índice
|