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Irã ameaça reduzir cooperação com a agência atômica da ONU
Parlamento vai realizar sessão para aprovar legislação restringindo atuação da AIEA no país
Anúncio é reação à aprovação de sanções pela ONU; europeus discutirão agora ação unilateral contra Teerã
Hans Punz/Associated Press
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Secretário-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano, aguarda início de sessão da agência de energia atômica ligada à ONU
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Um dia após o Conselho de
Segurança da ONU aprovar
nova rodada de sanções contra o Irã, autoridades do país
ameaçaram rever sua relação
com a AIEA (agência atômica
ligada à ONU), em indício de
endurecimento de posições.
Qualificando a decisão do
conselho como "política, ilegal e ilógica", o presidente da
Comissão de Relações Exteriores e Segurança Nacional
do Parlamento do Irã, Alaeddin Boroujerdi, convocou para domingo sessão com objetivo de "aprovar leis" reavaliando laços com a agência.
O parlamentar -cuja posição não reflete necessariamente a de Teerã-, não detalhou quais medidas podem
ser adotadas. Mas a expectativa é a de que se resumam a
novas restrições às visitas a
suas instalações nucleares.
O chefe da agência atômica iraniana, Ali Akbar Salehi,
disse que a eventual diminuição de relações "deverá ser
examinada em detalhe, após
revisão e análise", de acordo
com a agência oficial Ilna.
Para Salehi, o Irã é paciente e, apesar da "provocação
do Ocidente" na ONU, "não
vai reagir apressadamente".
Desde a revelação, por dissidentes, de que o país tinha
programa nuclear, em 2002,
o Irã nunca proibiu a AIEA de
realizar as inspeções, mas a
agência acusou seguidas vezes o governo de restringir as
suas missões de verificação.
Críticos apontam também
uma piora nas relações desde
a saída, em 2009, do egípcio
Mohammed El Baradei da Secretaria-Geral da AIEA, sucedido por Yukia Amano, japonês tido como pró-Ocidente.
MÍSSEIS
O embaixador iraniano na
agência, Ali Soltanieh, disse
que "nada mudará [com a resolução da ONU]". "A República Islâmica do Irã vai continuar com suas atividades
de enriquecimento", disse.
A AIEA não comentou as
ameaças vindas de Teerã.
Soltanieh disparou ainda
duras críticas à China, aliada
iraniana que cedeu aos EUA
-bem como a Rússia- para
aplicar as sanções. Ele se disse perplexo com o seu "comportamento de duas faces",
que "prejudicará as relações
com o mundo muçulmano".
Já a Rússia, que também
recebeu críticas nos últimos
dias, disse ontem que as punições não impedem a venda
de mísseis ao Irã -embora
fonte anônima tenha indicado o contrário horas antes- e
a cooperação nuclear civil.
Os líderes de Pequim e
Moscou, Hu Jintao e Dmitri
Medvedev, tiveram encontro
ontem numa cúpula regional
boicotada pelo colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
Em sua cobertura das sanções, a televisão estatal centrou o papel de Brasil e Turquia -dois únicos membros
que votaram contra o texto.
A posição dos dois países,
que haviam mediado acordo
com Teerã em maio -rejeitado pelo Ocidente-, foi retratada como uma derrota dos
EUA em alcançar consenso.
Em outra frente na reação
à adoção das sanções contra
o Irã, países árabes manobraram para que a AIEA realizasse ontem, pela primeira vez
em 20 anos, debate sobre o
programa nuclear israelense
-o qual o país não confirma,
mas tampouco nega possuir.
Contrariando EUA e União
Europeia, o grupo de 18 países árabes colocou o tema na
pauta de discussão e fez dura
crítica, afirmando que Israel
"desafia a comunidade internacional ao resistir continuamente" a referendar o TNP.
Israel -que tem estimadas
80 a 200 ogivas nucleares-
vê o Irã como risco existencial e usou ameaça de atacá-lo caso as sanções não fossem aprovadas para ajudar a
convencer países resistentes,
sobretudo a China, a votar a
favor da nova resolução.
SANÇÕES DA UE
Também ontem, diplomatas europeus indicaram que
já na próxima semana os líderes da União Europeia devem acordar a aplicação de
novas restrições, desta vez
unilaterais, contra Teerã.
A estratégia de apertar o
cerco ao Irã na esteira da
ONU já vinha sendo delineada pelos EUA, cujo Congresso discute punições unilaterais consideradas muito mais
duras que as internacionais.
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