São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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ANÁLISE

Estados Unidos esperam que novas punições forcem Teerã a negociar

DANIEL DOMBEY
JAMES BLITZ
DO "FINANCIAL TIMES"

Seis meses de esforço intensivo de Barack Obama e de seu governo deram resultado anteontem quando as Nações Unidas impuseram novas sanções ao Irã.
Nenhum integrante do governo considera que essas medidas bastem para restringir o programa nuclear de Teerã. Mas a Casa Branca acredita que, somadas a outras sanções de parte da União Europeia e dos próprios EUA, essas ações façam com que o Irã se disponha a negociar e retarde o ritmo de progresso do programa.
Ao longo do ano, a busca por sanções da ONU dominou as discussões entre Obama e os líderes de Rússia, China, Turquia e Brasil. Mas essas discussões tiveram resultados contraditórios.
Os EUA pressionaram por medidas abrangentes contra os setores financeiro e de energia iranianos, a fim de criar divisões quanto ao programa nuclear na elite governante do país.
Rússia e China, porém, insistiram em medidas mais suaves; Turquia e Brasil argumentaram que era melhor continuar negociando.
As novas sanções expandem o embargo de armas ao Irã, estabelecem regras para a interdição marítima de cargas suspeitas de pertencerem ao Irã e proíbem Teerã de investir na mineração e enriquecimento de urânio.
Mas os EUA claramente tiveram de ceder para garantir a aprovação da resolução, e John McCain, derrotado por Obama na eleição de 2008, descreveu as sanções como "muito fracas".
Ainda assim, funcionários do governo americano afirmam que elas negarão ao programa nuclear iraniano componentes e insumos como óxido de urânio.
O Congresso dos EUA fechou acordo com o governo quanto a finalizar as sanções que pretende impor até a semana de 20 de junho, o que propiciará algum tempo para que as medidas da ONU e da União Europeia procedam.
As medidas unilaterais dos EUA seriam dirigidas a empresas que fornecem petróleo refinado ao Irã e poderiam se estender a grupos financeiros internacionais que ainda se mantêm no país.
Mas analistas duvidam da eficácia até dessas medidas.
"Os EUA não conseguirão nada que se assemelhe a adesão universal às sanções "opcionais'", disse Flynt Leverett, ex-funcionário da CIA e da Casa Branca. "O efeito líquido será acelerar a transferência de oportunidades de negócios dos países ocidentais para a China e outras potências não ocidentais."


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