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Lula intercedeu por apoio turco na ONU
Presidente brasileiro convenceu premiê Erdogan sobre voto contra sanções ao Irã momentos antes de sessão
Apesar de ter costurado acordo nuclear com Brasil e Irã, Turquia pretendia se abster em voto na sessão do CS
SAMY ADGHIRNI
DE SÃO PAULO
O Brasil escapou por pouco de ficar totalmente isolado
na posição contrária às sanções ao Irã aprovadas anteontem pelo Conselho de
Segurança da ONU (CS).
Segundo a Folha apurou,
a Turquia só decidiu se alinhar ao Brasil no voto contra
as sanções após dois telefonemas entre o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e o
premiê turco, Recep Tayyip
Erdogan.
As consultas entre os dois
membros não permanentes
do CS atrasaram em uma hora o início da sessão.
De acordo com fontes diplomáticas, o embaixador
turco na ONU, Ertugrul Apakan, chegou à sala do Conselho de Segurança com a ordem de se abster, frustrando
a expectativa do Brasil, que
contava com o apoio de Turquia e Líbano na votação.
Iniciou-se então uma rodada de conversas e telefonemas entre os governos brasileiro e turco, em meio a fortes
pressões dos EUA nos corredores da ONU para que a Turquia não se alinhasse ao Brasil contra sanções.
Lula, que cumpria agenda
em Natal (RN), e Erdogan
conversaram uma primeira
vez no início da manhã. Em
seguida, o premiê turco ligou
para o presidente iraniano,
Mahmoud Ahmadinejad, e
voltou a telefonar para Lula,
fechando acordo para o voto.
LÍBANO
A sessão ocorreu logo após
o embaixador turco ter recebido telefonema de Ancara
com a nova recomendação.
O Líbano, cujo governo está dividido entre aliados dos
EUA e do Irã, se absteve.
Uma fonte do Planalto negou que tenha havido pressão brasileira pelo apoio da
Turquia, mas admite que Lula e Erdogan conversaram sobre "como agir juntos".
A hesitação da Turquia
acerca de sanções ao Irã já
havia ficado clara no último
dia 17, em meio à mediação
por brasileiros e turcos de um
acordo para convencer Teerã
a enviar parte de seus estoques de urânio para ser enriquecido no exterior.
Erdogan só decidiu ir a
Teerã após ter certeza de que
Lula, que chegara um dia antes ao Irã, obtivera garantias
de que o governo iraniano assinaria o documento.
O governo turco, dominado por um partido de raízes
islâmicas, está incomodado
com a percepção de muitos
europeus e americanos de
que está se distanciando da
órbita ocidental em favor de
países vistos como radicais.
Ao mesmo tempo em que
intensifica elos com Irã, Síria
e o grupo radical palestino
Hamas, a Turquia segue sendo o único país islâmico a integrar a Otan (aliança militar
ocidental) e o que tem as melhores relações com Israel.
Mas o recente ataque israelense a uma frota humanitária que ia a Gaza (no qual
morreram nove turcos) abalou a relação com Israel.
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