São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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Brasileira revela imagens de ação israelense contra navio pró-Gaza

Material, com 1 hora de duração, não esclarece maiores dúvidas

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

A brasileira Iara Lee convocou jornalistas à sede da ONU, em Nova York, para exibir as imagens que fez durante o ataque israelense ao navio turco Mavi Marmara, na madrugada de 31 de maio.
Mas o material, com uma hora de duração, não esclarece as principais dúvidas sobre o confronto. É possível ouvir tiros enquanto embarcações e helicópteros se aproximam. Não fica claro, porém, quem atira nem se os passageiros não possuíam armas para reagir.
Em entrevista a cerca de cem jornalistas após a sessão, ontem, Lee afirmou que "foi tudo muito rápido" e que não poderia responder a perguntas "técnicas".
Ela disse que buscará a ajuda de peritos para analisar as imagens, na esperança de contribuir para as investigações. E que pretende processar o governo israelense por uma série de violações, como a interceptação em águas internacionais.
As imagens poderiam ser divididas em duas partes: a expectativa de aproximação dos israelenses e o confronto.
Primeiro, alguns passageiros rezam, outros falam nervosamente sobre como reagir -sem citar armas. Iara Lee arrancou risadas dos jornalistas quando diz que entrará em contato com alguém "que conhece a [secretária de Estado dos EUA] Hillary Clinton".
Minutos depois, embarcações se aproximam ao som de tiros, e não demoram a surgir corpos sendo carregados, feridos sendo tratados de maneira improvisada, o chão encharcado de sangue.
Segundo Lee, a voz no alto-falante, ao fundo, pede que fiquem calmos, sem reagir. Enquanto alguns passageiros seguram pedaços de pau e "do que mais encontrassem", nas palavras de Lee, um deles mostra à câmera um livro que, diz, um soldado israelense deixou cair. Na versão de Lee, havia no livro fotos e nomes de gente "high profile", os que não poderiam ser machucados.
Ela disse suspeitar que houvesse "infiltrados" entre os passageiros, transmitindo informações ao inimigo. O navio Mavi Marmara fazia parte de uma frota com outras seis embarcações que pretendia romper o bloqueio de Israel e levar ajuda humanitária a Gaza.

SEM AJUDA
Ontem, a Embaixada de Israel no Brasil divulgou comunicado no qual diz que 3 dos 7 navios, incluindo o que levava Lee, "não carregavam qualquer ajuda humanitária", ao contrário do que a brasileira diz.
Segundo a nota, o Mavi Marmara levava apenas "pertences pessoais dos passageiros". A embaixada ressalva, porém, que nos outros quatro navios, de carga, foram achados medicamentos, equipamentos hospitalares e para centro cirúrgico.
Em Nova York, Lee enfatizou que os passageiros não carregavam remédios ou outros equipamentos no navio em que estava. "Anunciávamos [aos israelenses] que precisávamos de cuidados médicos. Achávamos que queriam nos assustar, mas não sair matando."

Veja trechos de imagens reveladas pela brasileira

folha.com.br/mm749015


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