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Brasileira revela imagens de ação israelense contra navio pró-Gaza
Material, com 1 hora de duração, não esclarece maiores dúvidas
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
A brasileira Iara Lee convocou jornalistas à sede da
ONU, em Nova York, para
exibir as imagens que fez durante o ataque israelense ao
navio turco Mavi Marmara,
na madrugada de 31 de maio.
Mas o material, com uma
hora de duração, não esclarece as principais dúvidas sobre o confronto.
É possível ouvir tiros enquanto embarcações e helicópteros se aproximam. Não
fica claro, porém, quem atira
nem se os passageiros não
possuíam armas para reagir.
Em entrevista a cerca de
cem jornalistas após a sessão, ontem, Lee afirmou que
"foi tudo muito rápido" e que
não poderia responder a perguntas "técnicas".
Ela disse que buscará a
ajuda de peritos para analisar as imagens, na esperança
de contribuir para as investigações. E que pretende processar o governo israelense
por uma série de violações,
como a interceptação em
águas internacionais.
As imagens poderiam ser
divididas em duas partes: a
expectativa de aproximação
dos israelenses e o confronto.
Primeiro, alguns passageiros rezam, outros falam nervosamente sobre como reagir
-sem citar armas. Iara Lee
arrancou risadas dos jornalistas quando diz que entrará
em contato com alguém "que
conhece a [secretária de Estado dos EUA] Hillary Clinton".
Minutos depois, embarcações se aproximam ao som
de tiros, e não demoram a
surgir corpos sendo carregados, feridos sendo tratados
de maneira improvisada, o
chão encharcado de sangue.
Segundo Lee, a voz no alto-falante, ao fundo, pede que
fiquem calmos, sem reagir.
Enquanto alguns passageiros seguram pedaços de
pau e "do que mais encontrassem", nas palavras de
Lee, um deles mostra à câmera um livro que, diz, um soldado israelense deixou cair.
Na versão de Lee, havia no
livro fotos e nomes de gente
"high profile", os que não poderiam ser machucados.
Ela disse suspeitar que
houvesse "infiltrados" entre
os passageiros, transmitindo
informações ao inimigo.
O navio Mavi Marmara fazia parte de uma frota com
outras seis embarcações que
pretendia romper o bloqueio
de Israel e levar ajuda humanitária a Gaza.
SEM AJUDA
Ontem, a Embaixada de Israel no Brasil divulgou comunicado no qual diz que 3
dos 7 navios, incluindo o que
levava Lee, "não carregavam
qualquer ajuda humanitária", ao contrário do que a
brasileira diz.
Segundo a nota, o Mavi
Marmara levava apenas
"pertences pessoais dos passageiros". A embaixada ressalva, porém, que nos outros
quatro navios, de carga, foram achados medicamentos,
equipamentos hospitalares e
para centro cirúrgico.
Em Nova York, Lee enfatizou que os passageiros não
carregavam remédios ou outros equipamentos no navio
em que estava. "Anunciávamos [aos israelenses] que
precisávamos de cuidados
médicos. Achávamos que
queriam nos assustar, mas
não sair matando."
Veja trechos de imagens
reveladas pela brasileira
folha.com.br/mm749015
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