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SEGUNDO TURNO
Candidatura de indígena provoca receio
Indefinição eleitoral na Bolívia provoca filas em bancos de La Paz
RODRIGO UCHÔA
DA REDAÇÃO
Um dia depois da confirmação
de que Evo Morales disputará o
segundo turno presidencial com
o liberal Gonzalo Sánchez de Lozada, correntistas fizeram filas em
bancos de La Paz, temendo que a
indefinição política se reflita na
crise econômica da Bolívia.
Morales, que tem como plataforma a defesa dos plantadores de
coca e a reestatização das empresas de gás, sofre resistências por
parte dos EUA, que têm uma importante influência sobre o país.
Como nenhum candidato teve
mais de metade dos votos no pleito do dia 30 de junho, a Constituição manda que o Congresso escolha, em agosto, o novo presidente.
Congratulações
A apreensão de alguns dos bolivianos, porém, não se refletiu nas
entidades indígenas dos países
andinos, que celebraram a ocasião."A votação de Morales é uma
mensagem importante para todos os indígenas das Américas
que lutam para defender suas
identidades e seus territórios ante
a ditadura do neoliberalismo imposta pelos EUA", disse o presidente da Onic (Organização Indígena da Colômbia), Armando
Valbuena.
Há cinco parlamentares de origem indígena no Congresso colombiano e um governador, Floro
Tununbalá. Cerca de 1 milhão de
indígenas integram a população
de 40 milhões do país.
"É um orgulho. A candidatura
de Morales mostra que temos os
mesmos direitos", disse o deputado indígena equatoriano Luis Talagua. Além de Talagua, há apenas mais três deputados indígenas num país de 12 milhões de habitantes, mas que tem quase 40%
de indígenas em sua população.
No Peru, Miguel Clemente, presidente da Confederação Nacional Agrária, afirmou esperar que
com Morales "não aconteça o que
aconteceu com o presidente peruano, Alejandro Toledo". Segundo ele, Toledo "saiu de uma comunidade indígena andina, mas
está se mostrando de ultradireitista, deixando-se sequestrar pelo
FMI e pelo Banco Mundial".
Para o cientista político Tito
Zambra, as entidades indígenas
andinas têm conseguido um
grande desenvolvimento organizacional nos últimos anos, o que
pode se refletir numa maior participação política.
"Temos de lembrar que os indígenas conseguiram desestabilizar
e derrubar o governo do ex-presidente Jamil Mahuad, no Equador,
e conseguem paralisar as estradas
da Bolívia com suas manifestações. Isso parece agora se canalizar para uma maior representação nos Parlamentos desses países", disse Zambra.
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