JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

A Justiça argentina determinou ontem a prisão do ex-ditador Leopoldo Galtieri e de mais de 30 membros do batalhão de inteligência do Exército por crimes contra os direitos humanos cometidos durante a última ditadura militar (1976-1983).
Os oficiais são acusados de sequestro, tortura e assassinato de 20 militantes do grupo Montoneros, uma guerrilha de esquerda ligada ao Partido Justicialista (peronista) que atuou no período da ditadura.
Galtieri -que tem mais de 70 anos e, pelas leis argentinas, tem direito à prisão domiciliar- ainda não havia sido detido até o fechamento dessa edição.
Galtieri presidiu a Argentina entre dezembro de 1981 e junho de 1982. Nesse período, determinou a invasão das ilhas Malvinas, que levou a Argentina à guerra contra o Reino Unido. A derrota no conflito levou Galtieri a renunciar após sete meses no cargo.
Durante os quatro governos militares, estimativas oficiais registram 15 mil pessoas desaparecidas. Segundo organizações de direitos humanos, seriam 30 mil os desaparecidos na "guerra suja".
As detenções de ontem foram determinadas pelo juiz federal Claudio Bonadío, após ação movida pela mulher de um dos 20 desaparecidos do grupo.
Também foram ordenadas as prisões dos ex-generais Carlos Suares Mason e Juan Ramón Mabragaña, do ex-chefe do Exército Cristino Nicolaides e do ex-chefe da Polícia Federal Raimundo Romero Ojeda.
Diversos militares acusados de repressão foram presos depois da queda do regime militar, em 1983. No entanto, quase todos foram postos em liberdade após anistia decretada no governo do presidente Carlos Menem (1989-1999).
Alguns dos 30 militares que tiveram ordem de prisão decretada ontem já estavam presos por sequestro de bebês na época da ditadura, um crime que não foi alcançado pelas leis de anistia.



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