São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

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Prefeito e parentes rompem lua-de-mel

DE NOVA YORK

Esqueça a lua-de-mel que reinava entre os parentes das vítimas do WTC e o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, alçado a herói nacional nos meses que se seguiram ao ataque. Desde que assumiu, com seu jeito despachado e irônico, Michael Bloomberg virou persona non grata nas rodas dos familiares.
Nos últimos dias, o clima piorou por conta de uma declaração do prefeito que foi mal recebida, seguida de diversas ações que foram mal interpretadas: num evento público, Bloomberg disse que a construção do memorial não poderia atrapalhar a recuperação da economia da região.
"Quando as pessoas disserem "Bem, isto é um cemitério", não será exatamente a frase que um corretor vai querer ouvir ao tentar alugar um escritório", disse ele. A reação foi imediata. "A mensagem é clara: o foco do prefeito é no mercado imobiliário e no dinheiro, não nas pessoas", disparou Sally Regenhard, que perdeu o filho em 11 de setembro.
O prefeito não voltou atrás e continuou a defender um memorial discreto e de pequenas dimensões, que fosse circundado por prédios novos ocupados por escritórios, lojas e mesmo moradores. Num semi-incidente diplomático, até mesmo Giuliani entrou na história. "Acho que deveríamos ter uma obra grandiosa ali que de alguma maneira refletisse todo o nosso sofrimento", disse.
Também não ajuda as relações entre as partes o fato de Bloomberg ter banido de sua agenda o comparecimento às dezenas de cerimônias em homenagem aos bombeiros mortos, que continuam acontecendo ainda hoje graças a um programa de escalonamento, compromisso que Giuliani fazia questão de cumprir.
Os familiares reclamam também da nova assessora especial da prefeitura cuja função é lidar com os parentes das vítimas, Christy Ferer, apontada por Bloomberg. "Ela não atende nossos telefonemas nem responde a nossas perguntas", disse Michele Buffolino, que perdeu a mãe no atentado.
Indagado sobre o que achava de toda a polêmica, Bloomberg foi sarcástico: "Bem, há pessoas que ficam bravas com tudo". Quanto ao tamanho do memorial, disse apenas: "Menos é mais". (SD)


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