São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Série de ataques suicidas faz o número de mortos no país ultrapassar os 1.500 em pouco mais de dois meses

Atentados matam ao menos 57 no Iraque

DA REDAÇÃO

Em mais um domingo sangrento no Iraque, uma série de atentados visando principalmente as forças de segurança do país deixaram pelo menos 57 mortos e dezenas de feridos. Segundo a agência Associated Press, os ataques de ontem fizeram o número de mortos no país ultrapassar a casa dos 1.500 em pouco mais de dois meses, desde 28 de abril, data de início do governo do primeiro-ministro xiita Ibrahim al Jaafari.
O principal ataque atingiu um posto de recrutamento do Exército iraquiano no antigo campo de pouso de Muthana, próximo ao centro de Bagdá. Cerca de 400 candidatos a recruta estavam ante o centro quando um homem-bomba se explodiu em frente ao local. Ao menos 25 pessoas morreram e 47 ficaram feridas, informou o Exército dos EUA.
Também ocorreram outros cinco ataques suicidas pelo país, além do assassinato, por atiradores, de oito membros de uma mesma família. Segundo a polícia, as oito vítimas (mãe e sete filhos) foram mortas enquanto dormiam, em sua casa num bairro xiita de Bagdá. O pai, que não estava em casa, acredita que foi um ataque sectário feito por sunitas, pois não tem filiação partidária.
À tarde, dois suicidas em carros-bomba atacaram o posto de fronteira de Waleed, na divisa do Iraque com a Síria. Sete funcionários do posto morreram.
Em outro ataque suicida com carro-bomba, em Kirkuk, ao norte de Bagdá, quatro civis morreram e ao menos 15 ficaram feridos, disse a polícia. O ataque ocorreu em uma avenida nas proximidades de um hospital.
Próximo a Mossul (norte), outro carro-bomba guiado por um suicida atingiu um comboio da polícia, matando cinco policiais e ferindo três. O comboio conduzia o brigadeiro Salim Salih Meshaal, que saiu ileso.
Outros dois carros-bomba explodiram ontem: um contra um comboio militar dos EUA em Fallujah (50 km a oeste de Bagdá), deixando um iraquiano morto e um fuzileiro americano ferido, e outro em Ramadi (oeste), matando apenas seu condutor.
Também foram mortos a tiros um chefe de polícia, dois soldados e um civil em Bagdá, um membro das forças de segurança em Kirkuk e um membro do Partido Democrático do Curdistão, em Mossul. Foi encontrado boiando em um rio o corpo do chefe da federação iraquiana de caratê, que havia sido seqüestrado na última quinta-feira em Latifiya, (30 km ao sul de Bagdá).

Diplomata egípcio
Funcionários dos governos egípcio e iraquiano desmentiram ontem que o enviado diplomático especial do Egito ao Iraque, Ihab al Sherif, tenha feito contato com grupos insurgentes, antes de ser seqüestrado em 2 de julho e, segundo seus captores, assassinado.
As negativas tentam dissipar a reação raivosa do Egito às afirmações, feitas na sexta-feira pelo porta-voz do primeiro-ministro iraquiano, de que o governo investigava a existência de vínculos entre o egípcio e a guerrilha.
As forças americanas libertaram ontem, após investigação, o cineasta Cyrus Kar, americano de origem iraniana que estava preso no Iraque há 54 dias por suspeita de cumplicidade com terroristas, após terem sido encontrados no táxi em que viajava 35 temporizadores de máquinas de lavar roupas, que podem ser usados para fabricar bombas-relógio.
Em uma carta enviada ao primeiro-ministro iraquiano, o xiita Ibrahim al Jaafari, que teve trechos publicados ontem por um jornal árabe de Londres, o presidente do Iraque, o curdo Jalal Talabani, acusou Jaafari de tomar decisões de governo unilaterais, violando o acordo feito entre curdos e xiitas durante a formação do governo de coalizão do Iraque.
Jaafari, por sua vez, criticou as tropas americanas em seu país, afirmando que elas atiram em iraquianos por mera suspeição, e pediu que elas ajam nesses casos de maneira "civilizada".


Com agências internacionais

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