São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CHILE
Advogados do ex-ditador dizem que ele poderá depor
Fim da imunidade de Pinochet é aprovado por 52% dos chilenos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Mais da metade dos chilenos concorda com a decisão da Corte Suprema do Chile que retirou, na terça-feira, a imunidade parlamentar do ex-ditador Augusto Pinochet por 14 votos a 6, revelou pesquisa divulgada ontem.
O levantamento foi feito pelo Cerc (Centro de Estudos da Realidade Contemporânea) e mostra que 52% da população chilena é favorável à decisão judicial, enquanto 35% dos entrevistados se disseram contrários. Outros 13% preferiram não opinar.
A Justiça chilena retirou a imunidade parlamentar do senador vitalício por considerar que "existem fortes suspeitas" de que ele tenha tido responsabilidade em 19 dos 73 assassinatos cometidos pela chamada "Caravana da Morte".
A opinião dos entrevistados está fortemente atrelada à sua preferência política. Enquanto 83% dos eleitores da Concertação (coalizão de partidos de centro-esquerda que governa o Chile desde 1990) revelaram-se favoráveis à sentença, 76,5% dos partidários da oposição direitista disseram-se contrários a ela.
A pesquisa foi feita entre 21 de julho e 4 de agosto deste ano, com 1.200 pessoas e possui uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Andamento do caso
Os advogados de Pinochet declararam ontem que irão respeitar a decisão da Corte Suprema e que o general comparecerá perante a Justiça caso seja chamado para depor.
Pablo Rodríguez, advogado de defesa do ex-ditador, declarou: "O general Pinochet vai cumprir rigorosamente todas as disposições legais do processo. Se for necessário que ele deponha para o juiz Juan Guzmán, ele irá depor".
Contudo, apesar de estarem de acordo com a possibilidade do general depor, seus advogados afirmaram que ele não irá submeter-se a exames médicos.

Garzón
O juiz espanhol Baltasar Garzón -que participa de um congresso em São José, na Costa Rica- disse ontem que "a Justiça chilena cumpriu o seu dever ao mostrar que a lei é igual para todos".
Foi por causa de um pedido de extradição à Espanha, encaminhado por Garzón à Justiça britânica, que Pinochet ficou detido em Londres por mais de um ano.
Garzón queria que o general fosse julgado por crimes contra os direitos humanos ocorridos contra cidadãos espanhóis em seu governo (1973-90).


Texto Anterior: Direitos Humanos: Governo da Guatemala admite atrocidades durante a guerra civil
Próximo Texto: Brasil mantém estilo e não comenta o caso
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.