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ÍNDIA
Ataque marca fim de cessar-fogo
Explosão mata dez e fere 24 na Caxemira
PETER POPHAM
DO "THE INDEPENDENT", EM SRINGAR
A explosão de uma bomba dentro de um carro matou dez pessoas e feriu outras 24 ontem em
Sringar, na Caxemira indiana, numa demonstração de que os guerrilheiros do grupo Hizbul Mujahidin, que até anteontem negociavam a paz com Nova Déli, retomaram o uso de violência.
Além deles, membros da milícia
rival, chamada Lashkar-e-Taiyyba, também disseram ser responsáveis pelo atentado.
O ataque foi uma armadilha
muito bem montada. Aconteceu
pouco depois do meio-dia em
frente ao Banco da Índia, localizado numa das principais ruas do
centro de Sringar.
Primeiro, uma granada foi lançada e explodiu em meio a vários
soldados que faziam fila para receber seus soldos. Policiais e jornalistas se dirigiram ao local. Cerca de dez minutos depois, uma
bomba-relógio explodiu dentro
de um carro, que estava estacionado em frente ao banco.
Dez pessoas perderam a vida
imediatamente. Duas delas e vários dos feridos eram jornalistas
indianos.
Poucos minutos antes da explosão, Faruq Abdullah, ministro-chefe do Estado de Jammu e Caxemira, havia dito ao "The Independent" que acreditava que novas negociações de paz começariam logo.
A imprensa da Caxemira também havia expressado esperança
de que as negociações seriam retomadas, interpretando a recusa
dos líderes separatistas -que desejam a anexação da Caxemira ao
Paquistão- em comentar o resultado da reunião de anteontem
e o possível fim do cessar-fogo como um gesto positivo.
A população da Caxemira, apesar de já estar acostumada à violência, caiu em desespero com o
fim do cessar-fogo. Os 15 dias do
cessar-fogo a haviam lembrado
dos velhos tempos de paz, que
acabaram há mais de onze anos.
"Eu podia ir ao cinema e voltar
para casa à 1h30 da madrugada
sem medo de nada", afirmou um
motorista de táxi que trabalha no
centro de Sringar.
Ontem, depois do atentado,
poucas pessoas arriscaram sair de
suas casas depois do pôr-do-sol
por medo de serem atacadas por
patrulhas de paramilitares.
Abdullah lamentou que o cessar-fogo tenha acabado. "É uma
pena que o cessar-fogo tenha sido
suspenso. Estamos todos tristes.
As pessoas estão cansadas de armas, querem a paz. Chegou a hora de fazermos a paz", disse.
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