São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2000


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ÍNDIA
Ataque marca fim de cessar-fogo
Explosão mata dez e fere 24 na Caxemira

PETER POPHAM
DO "THE INDEPENDENT", EM SRINGAR

A explosão de uma bomba dentro de um carro matou dez pessoas e feriu outras 24 ontem em Sringar, na Caxemira indiana, numa demonstração de que os guerrilheiros do grupo Hizbul Mujahidin, que até anteontem negociavam a paz com Nova Déli, retomaram o uso de violência.
Além deles, membros da milícia rival, chamada Lashkar-e-Taiyyba, também disseram ser responsáveis pelo atentado.
O ataque foi uma armadilha muito bem montada. Aconteceu pouco depois do meio-dia em frente ao Banco da Índia, localizado numa das principais ruas do centro de Sringar.
Primeiro, uma granada foi lançada e explodiu em meio a vários soldados que faziam fila para receber seus soldos. Policiais e jornalistas se dirigiram ao local. Cerca de dez minutos depois, uma bomba-relógio explodiu dentro de um carro, que estava estacionado em frente ao banco.
Dez pessoas perderam a vida imediatamente. Duas delas e vários dos feridos eram jornalistas indianos.
Poucos minutos antes da explosão, Faruq Abdullah, ministro-chefe do Estado de Jammu e Caxemira, havia dito ao "The Independent" que acreditava que novas negociações de paz começariam logo.
A imprensa da Caxemira também havia expressado esperança de que as negociações seriam retomadas, interpretando a recusa dos líderes separatistas -que desejam a anexação da Caxemira ao Paquistão- em comentar o resultado da reunião de anteontem e o possível fim do cessar-fogo como um gesto positivo.
A população da Caxemira, apesar de já estar acostumada à violência, caiu em desespero com o fim do cessar-fogo. Os 15 dias do cessar-fogo a haviam lembrado dos velhos tempos de paz, que acabaram há mais de onze anos.
"Eu podia ir ao cinema e voltar para casa à 1h30 da madrugada sem medo de nada", afirmou um motorista de táxi que trabalha no centro de Sringar.
Ontem, depois do atentado, poucas pessoas arriscaram sair de suas casas depois do pôr-do-sol por medo de serem atacadas por patrulhas de paramilitares.
Abdullah lamentou que o cessar-fogo tenha acabado. "É uma pena que o cessar-fogo tenha sido suspenso. Estamos todos tristes. As pessoas estão cansadas de armas, querem a paz. Chegou a hora de fazermos a paz", disse.


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