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ORIENTE MÉDIO
Morto era adolescente; israelenses culpam Líbano e Síria e respondem com bombardeio a posições do grupo
Hizbollah ataca norte de Israel e mata civil
DA REDAÇÃO
O grupo extremista islâmico libanês Hizbollah disparou baterias antiaéreas que atingiram o
norte de Israel, matando um adolescente israelense e ferindo pelo
menos cinco pessoas.
Em resposta, aviões israelenses
bombardearam ontem posições
do Hizbollah no sul do Líbano e,
no início da madrugada de hoje,
jatos militares voaram sobre Beirute (capital). Não há informações sobre vítimas.
O adolescente de 16 anos que
morreu no ataque é a primeira vítima civil israelense do Hizbollah
desde que Israel desocupou o sul
do Líbano em maio de 2000.
A ação do grupo libanês aconteceu na cidade israelense de Shlomi, no norte de Israel, perto da
fronteira com o Líbano. Segundo
o prefeito da cidade, Gavriel Naaman, uma bomba caiu perto de
uma pré-escola e outra ao lado de
um shopping center.
O ataque do Hizbollah reacende
um foco de tensão na região, além
do conflito israelo-palestino. Não
se sabe se a ação do grupo libanês
repercutirá na implementação do
plano de paz. Israel acusa o Hizbollah de dar suporte logístico aos
grupos terroristas palestinos.
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, condenou o ataque do
Hizbollah. Há divergências sobre
o que teria motivado o Hizbollah
a disparar contra a cidade.
Segundo a agência de notícias
Reuters, o Hizbollah afirma que o
alvo eram caças israelenses que
sobrevoavam o sul do Líbano. Israel negou.
Já a agência de notícias Associated Press informa que o Hizbollah
disparou propositalmente contra
Shlomi como resposta à morte de
uma importante autoridade do
grupo em atentado a bomba no
sul de Beirute no início deste mês.
Israel afirma que não tem nenhuma relação com a ação.
É comum o grupo extremista
disparar baterias antiaéreas contra caças israelenses no sul do Líbano -mas não no norte de Israel. Nos últimos dias, a tensão
entre os dois lados aumentou.
Na sexta-feira, soldados israelenses e forças do Hizbollah trocaram tiros na região das fazendas
de Chebaa. O grupo afirma que os
israelenses ainda não desocuparam totalmente o Líbano porque
permanecem nessa área. Porém,
segundo a ONU, a região é síria
sob ocupação israelense.
No final de julho, o xeque Hassan Nashallah, líder espiritual do
grupo, ameaçou sequestrar soldados israelenses se Israel não aceitasse libertar membros do Hizbollah que são prisioneiros no país.
A declaração irritou Israel.
A resposta israelense ao ataque
de ontem foi realizada contra posições do Hizbollah na vila de Teir
Harfa (Líbano), a 3 km da fronteira com Israel.
Momento certo
O governo israelense iria decidir
na noite de ontem se realizaria
novas ações em resposta ao ataque do Hizbollah. Raanan Gissin,
assessor do premiê israelense,
Ariel Sharon, afirmou que Israel
vai determinar "o momento, o lugar e o método da resposta".
Porém frisou que Israel não tem
intenção de realizar uma escalada
da violência na região, pois "isso
poderia provocar novas vítimas
ao longo da fronteira".
O chanceler de Israel, Silvan
Shalom, disse que os governos do
Líbano e da Síria são responsáveis
pelas ações do Hizbollah. "Nós
consideramos a Síria e o Líbano
responsáveis pelo comportamento do Hizbollah. Se as ações do
Hizbollah continuarem e se constituírem em uma ameaça aos cidadãos de Israel, teremos que nos
defender", disse.
A Síria controla política e militarmente o Líbano. Damasco não
se manifestou ontem. Já o Líbano
enviaria uma carta à ONU afirmando que Israel tem provocado
a escalada da violência por meio
das suas constantes violações ao
espaço aéreo libanês.
Diplomatas americanos em Beirute manifestaram preocupação
ao Líbano e à Síria com "a escalada da violência provocada pelo
Hizbollah". Os EUA pressionaram antes da Guerra do Iraque os
governos do Líbano e da Síria a
pararem de apoiar o Hizbollah.
O grupo é considerado terrorista pelos EUA. Para os árabes, é
uma resistência contra a ocupação israelense do Líbano (cujo fim
em 2000 é reconhecido pela
ONU). No Líbano, é um partido
político, que realiza ações sociais e
possui uma rede de TV.
Com agências internacionais
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