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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Morto era adolescente; israelenses culpam Líbano e Síria e respondem com bombardeio a posições do grupo

Hizbollah ataca norte de Israel e mata civil

DA REDAÇÃO

O grupo extremista islâmico libanês Hizbollah disparou baterias antiaéreas que atingiram o norte de Israel, matando um adolescente israelense e ferindo pelo menos cinco pessoas.
Em resposta, aviões israelenses bombardearam ontem posições do Hizbollah no sul do Líbano e, no início da madrugada de hoje, jatos militares voaram sobre Beirute (capital). Não há informações sobre vítimas.
O adolescente de 16 anos que morreu no ataque é a primeira vítima civil israelense do Hizbollah desde que Israel desocupou o sul do Líbano em maio de 2000.
A ação do grupo libanês aconteceu na cidade israelense de Shlomi, no norte de Israel, perto da fronteira com o Líbano. Segundo o prefeito da cidade, Gavriel Naaman, uma bomba caiu perto de uma pré-escola e outra ao lado de um shopping center.
O ataque do Hizbollah reacende um foco de tensão na região, além do conflito israelo-palestino. Não se sabe se a ação do grupo libanês repercutirá na implementação do plano de paz. Israel acusa o Hizbollah de dar suporte logístico aos grupos terroristas palestinos.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, condenou o ataque do Hizbollah. Há divergências sobre o que teria motivado o Hizbollah a disparar contra a cidade.
Segundo a agência de notícias Reuters, o Hizbollah afirma que o alvo eram caças israelenses que sobrevoavam o sul do Líbano. Israel negou.
Já a agência de notícias Associated Press informa que o Hizbollah disparou propositalmente contra Shlomi como resposta à morte de uma importante autoridade do grupo em atentado a bomba no sul de Beirute no início deste mês.
Israel afirma que não tem nenhuma relação com a ação.
É comum o grupo extremista disparar baterias antiaéreas contra caças israelenses no sul do Líbano -mas não no norte de Israel. Nos últimos dias, a tensão entre os dois lados aumentou.
Na sexta-feira, soldados israelenses e forças do Hizbollah trocaram tiros na região das fazendas de Chebaa. O grupo afirma que os israelenses ainda não desocuparam totalmente o Líbano porque permanecem nessa área. Porém, segundo a ONU, a região é síria sob ocupação israelense.
No final de julho, o xeque Hassan Nashallah, líder espiritual do grupo, ameaçou sequestrar soldados israelenses se Israel não aceitasse libertar membros do Hizbollah que são prisioneiros no país. A declaração irritou Israel.
A resposta israelense ao ataque de ontem foi realizada contra posições do Hizbollah na vila de Teir Harfa (Líbano), a 3 km da fronteira com Israel.

Momento certo
O governo israelense iria decidir na noite de ontem se realizaria novas ações em resposta ao ataque do Hizbollah. Raanan Gissin, assessor do premiê israelense, Ariel Sharon, afirmou que Israel vai determinar "o momento, o lugar e o método da resposta".
Porém frisou que Israel não tem intenção de realizar uma escalada da violência na região, pois "isso poderia provocar novas vítimas ao longo da fronteira".
O chanceler de Israel, Silvan Shalom, disse que os governos do Líbano e da Síria são responsáveis pelas ações do Hizbollah. "Nós consideramos a Síria e o Líbano responsáveis pelo comportamento do Hizbollah. Se as ações do Hizbollah continuarem e se constituírem em uma ameaça aos cidadãos de Israel, teremos que nos defender", disse.
A Síria controla política e militarmente o Líbano. Damasco não se manifestou ontem. Já o Líbano enviaria uma carta à ONU afirmando que Israel tem provocado a escalada da violência por meio das suas constantes violações ao espaço aéreo libanês.
Diplomatas americanos em Beirute manifestaram preocupação ao Líbano e à Síria com "a escalada da violência provocada pelo Hizbollah". Os EUA pressionaram antes da Guerra do Iraque os governos do Líbano e da Síria a pararem de apoiar o Hizbollah.
O grupo é considerado terrorista pelos EUA. Para os árabes, é uma resistência contra a ocupação israelense do Líbano (cujo fim em 2000 é reconhecido pela ONU). No Líbano, é um partido político, que realiza ações sociais e possui uma rede de TV.


Com agências internacionais

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