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IRAQUE OCUPADO
Falta de eletricidade sob calor de 50C transforma o que era ilha de tranquilidade em palco de violência
Três morrem durante segundo dia de protesto em Basra
DA REDAÇÃO
Três pessoas foram mortas ontem durante o segundo dia de violência em Basra, a segunda maior
cidade do Iraque. Os protestos
são os piores contra as forças britânicas, que controlam o sul do
país, desde a invasão em março.
Entre os mortos, está um nepalês que trabalhava para a Global
Security e foi atingido por tiros
dentro de um veículo quando entregava correspondência para a
ONU. Desde a ocupação, é comum ex-gurkhas -nepaleses
que fazem parte do Exército britânico- trabalharem em empresas
de segurança privadas no Iraque.
Os outros dois mortos eram iraquianos. Um deles foi atingido
durante um tiroteio entre moradores locais e outro caiu ao escalar
um tanque de combustível.
Os protestos eclodiram na véspera devido à falta de energia elétrica e combustível frequente na
cidade, onde os moradores enfrentam um calor de 50C sem poder usar geladeira e ar-condicionado. As forças britânicas culpam
sabotadores e saqueadores pelos
problemas de infra-estrutura.
"[Os britânicos] não nos deram
o prometido. Cansamos de esperar", disse o estudante Hassan Jasim. "Não temos combustível,
eletricidade nem salário", completou o motorista Fadil Salman.
Como no sábado, os protestos
se concentraram em postos de gasolinas e depósitos de combustível. Centenas de manifestantes interditaram ruas, queimaram
pneus e apedrejaram veículos. As
tropas britânicas, auxiliadas por
um pequeno contingente tcheco,
dispararam tiros para o ar.
Tranquilidade abalada
Até então, apenas um incidente
grave -a morte de seis policiais
britânicos, em junho, por iraquianos que protestavam contra a invasão de suas casas- fora registrado no sul do Iraque.
Há dois motivos para tanto: primeiro, a região é controlada pelos
britânicos -cuja relação com os
iraquianos é melhor-, segundo,
o sul tem maioria xiita, corrente
muçulmana reprimida durante a
ditadura de Saddam Hussein, um
sunita. Até agora, a violência se
concentrou no noroeste -controlado pelos EUA e dominado
por sunitas-, onde há mais simpatizantes do regime deposto. O
saldo de americanos mortos em
ações hostis no pós-guerra soma
55, contra seis britânicos.
Novos ataques feriram mais
dois soldados americanos e um
jornalista da TV catariana Al Jazira em Bagdá e outros dois soldados em Tikrit (norte), a cidade em
que Saddam foi criado.
Na capital, seis iraquianos foram mortos durante a noite quando soldados americanos atiraram
aleatoriamente após confundirem a explosão acidental de um
transformador com uma bomba.
O Comando Central Americano
(Centcom) também anunciou a
morte de um soldado em decorrência do calor, elevando para 118
as baixas dos EUA no pós-guerra.
Ameaças
Os militares atribuem os ataques a simpatizantes do regime
deposto. Mas em entrevista ao
"New York Times", o chefe da
Autoridade Provisória da Coalizão (APC), Paul Bremer, disse haver indícios da presença no Iraque do grupo terrorista Ansar al
Islam, que seria ligado à Al Qaeda
(responsável pelo 11 de Setembro). O grupo é suspeito do atentado contra a Embaixada da Jordânia que matou 17 pessoas na
quinta-feira.
Além disso, a Al Jazira exibiu o
depoimento de membros do autodenominado "Exército de Muhammed" prometendo transformar o Iraque em "um imenso cemitério". O grupo, que diz possuir
5.000 membros e nega ter ligação
com Saddam, clama a autoria dos
ataques a soldados dos EUA.
Com agências internacionais
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