São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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TERROR NA RÚSSIA

Comissão de inquérito será feita no Conselho Federal (Senado), controlado por aliados governistas

Putin recua e aceita investigação de mortes

DA REDAÇÃO

Pressionado pelas críticas que seu governo recebeu após a carnificina de Beslan, o presidente russo, Vladimir Putin, aceitou ontem a abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias da morte, há oito dias, de mais de 330 pessoas mantidas como reféns por terroristas islâmicos.
A comissão de inquérito será instalada pelo Conselho Federal (Senado). Sergei Mironov, presidente do órgão, despachou ontem com Putin, que, ao recuar da intransigência contra investigações, disse estar interessado em "receber um quadro completo e objetivo dos trágicos acontecimentos ligados ao seqüestro". Políticos aliados a Putin controlam o Conselho Federal. É pouco provável que ele corra o risco de enfrentar revelações embaraçosas.
A agência de notícias Associated Press obteve ontem testemunhos segundo os quais soldados do Exército debandaram em massa das imediações da escola de Beslan, tão logo os seqüestradores, no último dia 3, começaram a matar reféns.
Para substituir os soldados chegaram forças especiais, com atraso porque não tinham coletes à prova de bala. Mas elas não traziam munição suficiente e precisaram tomá-la emprestado de pessoas armadas que tinham parentes em mãos dos terroristas.
O ministro russo do Exterior, Sergey Lavrov, disse ontem que o líder tchetcheno Shamil Basayev foi o responsável pelo atentado. Mas não deu provas que sustentassem sua versão.
Um dos músicos mais conhecidos da Rússia, o maestro Valery Gergiev, diretor do Teatro Mariinsky, de São Petersburgo -que abriga a ópera e o balé Kirov- lançou um apelo para que a violência e a desordem não se espalhem pela Ossétia do Norte. Gergiev passou a infância e adolescência na região, onde também iniciou seus estudos musicais.
O ministro do Exterior do Canadá, Pierre Pettigrew, exortou ontem a Rússia a não partir para ataques unilaterais contra os tchetchenos e a agir de acordo com a lei internacional.
Pettigrew se referia à ameaça russa de efetuar "ataques preventivos" contra dirigentes e bases terroristas, mesmo se situados em território estrangeiro.

Passeatas em Moscou
Cerca de 500 pessoas reuniram-se ontem diante das embaixadas dos Estados Unidos e do Reino Unido, em Moscou, para protestar contra o asilo que aqueles países deram aos dirigentes tchetchenos Ilyas Akhmadov e Akhmed Zakayev, acusados pelo governo de serem terroristas.
Os manifestantes traziam fotografias de corpos de crianças dilacerados em Beslan e diziam concordar com as críticas oficiais a Washington e Londres.
Um subprocurador russo disse que as armas com as quais os terroristas entraram na escola de Beslan haviam sido roubadas em junho de arsenais da vizinha República da Inguchétia, que também pertence à Federação Russa. Trata-se de 37 fuzis, três metralhadoras e cinco lança-granadas.


Com agências internacionais


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