São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Motorista e passageiro de ônibus seguram homem-bomba e evitam tragédia maior; Exército ataca em Gaza

Ação do Hamas deixa 1 morto; Israel mata 2

DA REDAÇÃO

A explosão de um homem-bomba palestino matou ontem uma mulher e feriu 12 pessoas num subúrbio de Tel Aviv. O grupo extremista Hamas assumiu a autoria do ataque. A violência continuou a tomar conta também da faixa de Gaza, onde tropas de Israel mataram dois palestinos.
O suicida poderia ter causado uma tragédia bem maior: o motorista do ônibus em que ele tentou entrar, ajudado por um passageiro, conseguiu detê-lo e jogá-lo ao chão antes que detonasse o seu cinturão de explosivos.
O atentado ocorreu pouco antes das 8h num ponto de ônibus numa estrada perto da Universidade Bar Ilan, em Bnei Brak (leste de Tel Aviv). Testemunhas contaram que o terrorista -identificado pela polícia como Rafik Hamad, 31, da Cisjordânia, pai de quatro filhos- tentou subir num ônibus lotado de soldados, mas escorregou e caiu na calçada.
O motorista e um médico saíram para ajudá-lo e, ao perceber que era um homem-bomba, o seguraram no chão e gritaram para todos se afastarem.
"Quando abrimos sua camisa, vimos o cinturão [de explosivos] e os fios", disse o motorista Baruch Neuman à rádio do Exército. "Cada um de nós segurou uma de suas mãos. Sabia que, se ele se explodisse, muitos morreriam."
"Ele tentou mover suas pernas", acrescentou Neuman. "Começamos a temer que explodiríamos com ele (...) então decidimos juntos soltar as mãos dele e fugir."
O suicida levantou, correu cerca de 20 metros na direção de uma multidão e acionou o detonador, matando, além de si próprio, uma israelense de 71 anos.
O Hamas prometia atentados em retaliação a operações de Israel que deixaram 20 mortos na faixa de Gaza esta semana. Ontem, tropas de Israel mataram dois jovens de 12 e 17 anos após entrar com tanques em Rafah.
Um soldado ficou ferido na ação, durante a qual teriam sido encontrados dois túneis usados para contrabandear armas do Egito e uma bomba de 100 kg.
"Esses ataques são uma resposta aos massacres feitos pela ocupação contra nossos civis inocentes. A ocupação não pode ficar impune", disse Ismail Abu Shanab, um dos dirigentes do Hamas.
David Baker, porta-voz do premiê israelense, Ariel Sharon, disse que o país trava uma "batalha contínua contra o terror palestino". O governo acusa a Autoridade Nacional Palestina (ANP), dirigida por Iasser Arafat, de estimular as atividades terroristas.
Saeb Erekat, ministro do gabinete de Arafat, condenou a morte de civis, "sejam palestinos ou israelenses". Ao menos 1.604 palestinos e 604 israelenses morreram desde o início do levante contra a ocupação, em setembro de 2000.

Ato pró-Arafat
Cerca de 20 mil policiais e militantes leais à ANP marcharam ontem na Cidade de Gaza contra o Hamas e em apoio a Arafat. O ato ocorreu durante o funeral de Rajeh Abu Lehiya, um chefe da polícia palestina assassinado por integrantes do Hamas na segunda-feira -ação que alimentou o conflito interno e resultou na morte de outras quatro pessoas.
O gesto foi visto como demonstração de força do Fatah, partido de Arafat, líder enfraquecido em razão da insatisfação popular com o governo e da reocupação da Cisjordânia pelo Exército de Israel. O Hamas diz que Abu Lehiya morreu num ato de vingança pessoal de um de seus ativistas.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Para chavistas, marcha é prova de democracia
Próximo Texto: EUA: Homem morto na Virgínia é 7ª vítima de "atirador de Washington"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.