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País está na lista negra
dos direitos humanos
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Irã é uma unanimidade na lista negra de entidades de defesa
dos direitos humanos. A Human
Rights Watch e a Anistia Internacional lançaram só neste ano 50
denúncias e apelos em favor de
dissidentes ameaçados ou perseguidos pela República islâmica.
A pena de morte já foi aplicada
ao menos 83 vezes desde janeiro e
113 vezes no ano passado (seis das
vítimas eram mulheres), com o
agravante de algumas execuções
terem sido públicas, como forma
de aterrorizar a população.
As últimas manifestações de peso contra o governo ocorreram
em junho. Estudantes saíram às
ruas em Teerã para reivindicar direitos civis. Cerca de 4.000 foram
presos, dos quais 65 indiciados
em processos que não podem ser
acompanhados por advogados.
O país vive há anos um conflito
aberto entre o presidente Mohammad Khatami e o Parlamento, favoráveis ao abrandamento
da teocracia xiita, e o líder espiritual aiatolá Ali Khamenei, o Conselho dos Guardiães e o Judiciário, que se opõem a qualquer tentativa de secularização.
O mais recente exemplo de confronto ocorreu a 12 de agosto,
quando o Conselho dos Guardiães exerceu seu poder de veto
sobre um projeto aprovado pelo
Parlamento que procurava eliminar formas de discriminação que
pesam sobre as mulheres.
Não há estimativa precisa sobre
o número de prisioneiros políticos e execuções. Teriam sido milhares desde 1979, quando o islamismo xiita se tornou lei e base
constitucional para a teocracia
então instituída pelo aiatolá Khomeini. Os tribunais islâmicos têm
condenado líderes universitários,
jornalistas e lideranças comunitárias, na tentativa de desestimular
a contestação. Vários jornais foram fechados. Os protestos crescentes são alimentados majoritariamente pelos jovens, esmagadora maioria da população, nascidos após a revolução e cansados
da opressão política e social.
"Crimes" como o consumo de
bebidas alcoólicas ou encontros
públicos de garotos e garotas antes do casamento são punidos
com o chicoteamento em público.
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