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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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País está na lista negra dos direitos humanos

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Irã é uma unanimidade na lista negra de entidades de defesa dos direitos humanos. A Human Rights Watch e a Anistia Internacional lançaram só neste ano 50 denúncias e apelos em favor de dissidentes ameaçados ou perseguidos pela República islâmica.
A pena de morte já foi aplicada ao menos 83 vezes desde janeiro e 113 vezes no ano passado (seis das vítimas eram mulheres), com o agravante de algumas execuções terem sido públicas, como forma de aterrorizar a população.
As últimas manifestações de peso contra o governo ocorreram em junho. Estudantes saíram às ruas em Teerã para reivindicar direitos civis. Cerca de 4.000 foram presos, dos quais 65 indiciados em processos que não podem ser acompanhados por advogados.
O país vive há anos um conflito aberto entre o presidente Mohammad Khatami e o Parlamento, favoráveis ao abrandamento da teocracia xiita, e o líder espiritual aiatolá Ali Khamenei, o Conselho dos Guardiães e o Judiciário, que se opõem a qualquer tentativa de secularização.
O mais recente exemplo de confronto ocorreu a 12 de agosto, quando o Conselho dos Guardiães exerceu seu poder de veto sobre um projeto aprovado pelo Parlamento que procurava eliminar formas de discriminação que pesam sobre as mulheres.
Não há estimativa precisa sobre o número de prisioneiros políticos e execuções. Teriam sido milhares desde 1979, quando o islamismo xiita se tornou lei e base constitucional para a teocracia então instituída pelo aiatolá Khomeini. Os tribunais islâmicos têm condenado líderes universitários, jornalistas e lideranças comunitárias, na tentativa de desestimular a contestação. Vários jornais foram fechados. Os protestos crescentes são alimentados majoritariamente pelos jovens, esmagadora maioria da população, nascidos após a revolução e cansados da opressão política e social.
"Crimes" como o consumo de bebidas alcoólicas ou encontros públicos de garotos e garotas antes do casamento são punidos com o chicoteamento em público.


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