São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

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País restringe a ajuda da Índia

DA REDAÇÃO

O Paquistão aceitou receber suprimentos da Índia para as vítimas do terremoto que atingiu o país no sábado, mas é improvável que a colaboração entre os dois rivais reaqueça as relações estremecidas pela disputa da Caxemira, a região mais afetada pelo desastre.
Inicialmente, o Paquistão rechaçara a oferta. Depois, voltou atrás, mas vetou a entrada de militares indianos no país -que incluiria especialistas em socorro e helicópteros para resgate.
A Chancelaria paquistanesa emitiu, então, uma lista de artigos aceitos: tendas, colchões, cobertores, cobertura plástica, remédios e comida. Nova Déli espera enviar até hoje um avião com 25 toneladas de suprimentos.
Segundo analistas, dois aspectos estão na origem das restrições. Primeiro, aceitar ajuda militar significaria dar aos soldados indianos acesso à parte paquistanesa da Caxemira, região que abriga milícias islâmicas que lutam contra o domínio de Nova Déli na porção indiana do território.
Pior, seria um erro de relações públicas, pois mostraria ao mundo que o governo paquistanês não tem capacidade de cuidar das vítimas de um desastre numa área de seu território reivindicada pela Índia desde que os dois países conquistaram independência dos britânicos, em 1947.
A Caxemira histórica se divide hoje entre três países. A Índia controla as partes sul e central (cerca de 60% do território, que formam a Província indiana de Jammu e Caxemira), o Paquistão controla a parte noroeste, e a China controla a porção nordeste, ou cerca de 10% da região.
A porção indiana é a mais conturbada. Como a Caxemira é majoritariamente muçulmana (como o Paquistão), e a Índia é maciçamente hindu, a área foi palco de uma revolta islâmica contra o domínio de Nova Déli que durou 16 anos e deixou dezenas de milhares de mortos. A Índia acusa o governo paquistanês de fomentar o conflito. Islamabad nega.
Nos últimos dois anos, tem havido uma distensão entre os dois governos, que chegaram a adquirir armas nucleares por conta da disputa. Mas o progresso é lento.


Com agências internacionais

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