São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Valle de los Caídos será dessacralizado

DA REPORTAGEM LOCAL

O artigo 16 do projeto de Memória Histórica prevê que seja transformado em cemitério público comum o Valle de los Caídos, monumento nas imediações de Madri em que estão enterrados José Antonio Primo de Rivera, fundador da Falange Espanhola (partido da extrema direita dos anos 30), 33 mil combatentes da Guerra Civil e, a partir de 1975, o próprio Francisco Franco.
Em espanhol, "caídos" são os que morrem como heróis.
A nova lei, tão logo seja promulgada, proibirá reuniões e cerimônias em que saudosistas do franquismo costumam periodicamente homenagear o caudilho.

Trabalho escravo
"Em nenhum lugar do recinto poderão ocorrer atos de natureza política, nem de exaltação do franquismo, da Guerra Civil e de seus protagonistas", diz o projeto.
Essa espécie de panteão da direita da Espanha foi construído entre 1940 e 1958. As rochas foram cavadas por prisioneiros republicanos, numa operação de trabalho assimilado à escravidão, dizem os historiadores.
Entre os soldados da Guerra Civil ali sepultados há também antifranquistas, mas toda a simbologia se estruturou para dignificar a facção vitoriosa no conflito concluído em 1939.
Há no local uma abadia beneditina e uma enorme cruz de 150 metros que domina toda a paisagem.
Dentro da abadia há 19 arquivos com fichas que trazem informações sobre cerca da metade dos combatentes ali enterrados.
Os demais são de identidade desconhecida. Há a suposição de que seus ossos foram recolhidos em valas comuns, nas quais republicanos e falangistas enterravam seus respectivos inimigos.
O recurso era necessário diante da quantidade exorbitante de fuzilamentos durante a Guerra Civil.
(JBN)


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