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Valle de los Caídos será dessacralizado
DA REPORTAGEM LOCAL
O artigo 16 do projeto de
Memória Histórica prevê
que seja transformado em
cemitério público comum o
Valle de los Caídos, monumento nas imediações de
Madri em que estão enterrados José Antonio Primo de
Rivera, fundador da Falange
Espanhola (partido da extrema direita dos anos 30), 33
mil combatentes da Guerra
Civil e, a partir de 1975, o
próprio Francisco Franco.
Em espanhol, "caídos" são
os que morrem como heróis.
A nova lei, tão logo seja
promulgada, proibirá reuniões e cerimônias em que
saudosistas do franquismo
costumam periodicamente
homenagear o caudilho.
Trabalho escravo
"Em nenhum lugar do recinto poderão ocorrer atos
de natureza política, nem de
exaltação do franquismo, da
Guerra Civil e de seus protagonistas", diz o projeto.
Essa espécie de panteão da
direita da Espanha foi construído entre 1940 e 1958. As
rochas foram cavadas por
prisioneiros republicanos,
numa operação de trabalho
assimilado à escravidão, dizem os historiadores.
Entre os soldados da Guerra Civil ali sepultados há
também antifranquistas,
mas toda a simbologia se estruturou para dignificar a
facção vitoriosa no conflito
concluído em 1939.
Há no local uma abadia beneditina e uma enorme cruz
de 150 metros que domina
toda a paisagem.
Dentro da abadia há 19 arquivos com fichas que trazem informações sobre cerca
da metade dos combatentes
ali enterrados.
Os demais são de identidade desconhecida. Há a suposição de que seus ossos foram recolhidos em valas comuns, nas quais republicanos e falangistas enterravam
seus respectivos inimigos.
O recurso era necessário
diante da quantidade exorbitante de fuzilamentos durante a Guerra Civil.
(JBN)
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