São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2011

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'Queremos mostrar que somos sérios'

Para um dos organizadores do Ocupe Washington, inspirado no movimento de Nova York, 'o que vale é debater'

Líder diz que grupo não sabe ainda como obter resultados e que há cinco ou dez temas que unem os manifestantes

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Em meio ao cheiro de incenso, distribuição de lanches e pilhas de material de leitura que vai de panfletos aos thrillers do sueco Stieg Larsson, a Folha falou no domingo com um dos organizadores do movimento Occupy DC (ocupe Washington).
Nascido há nove dias e fincado na mesma rua dos escritórios de lobby, o protesto do qual o vendedor Anthony Allen, 38, participa é filhote do movimento que ocupa uma praça vizinha a Wall Street, em Nova York. Tem, inclusive, um protesto-rival, que enfrentou guardas de um museu no sábado. Mas não sabe, ainda, o que exigir. Por ora, Allen diz que "o que vale é debater".

 


Folha - Qual a diferença entre a marcha de vocês e o [movimento rival] Outubro/2011?
Anthony Allen - Marchamos separados. A gente já sabia que eles iam entrar em confusão, porque procuravam voluntários para serem presos. Na nossa marcha, foi tudo sem problemas.

Por que dois movimentos?
A marcha deles estava marcada havia meses, e calhou de estar acontecendo esse movimento espontâneo de ocupação. Além disso, a maneira como pedimos mudança é diferente -eles são mais tradicionais, sentam-se, fazem uma lista de exigências, enviam ao Congresso. Nós não estamos tentando nada tradicional. Fazemos isso há 50 anos, não funciona. Precisamos de mudança revolucionária dentro do sistema ou de outro sistema.

Como pretendem conseguir?
Não estamos discutindo isso agora. Estamos focados em construir nossa base, atrair as pessoas para a conversa. As pessoas exigem soluções sem debater o problema. Esse país precisa começar a debater. Estamos tentando forçá-lo a fazer isso.

Mas o que exatamente vocês estão propondo?
Queremos o máximo de movimentos assim pelo país, queremos mostrar que falamos sério, que estamos insatisfeitos, mesmo que isso leve semanas, ou meses, anos. Até que essa mudança aconteça, estaremos aqui.

Mas quais as exigências?
Os temas comuns são emprego, fim das guerras, financiamento político, vai saber mais o que. Ambiente. Você vai ouvir entre cinco e dez temas recorrentes. A questão não são os problemas, mas como se chega às soluções.

Quanta gente há aqui?
Flutua. Umas poucas centenas, ao todo, mas está crescendo dia a dia.

E qual o feedback?
É bacana, as pessoas vêm e veem que está crescendo. Não tínhamos uma mesa de comida. Não tínhamos esse quadro de avisos. Não vamos sair daqui. Há umas 30 pessoas dormindo aqui todo dia.

Algum político veio conversar com vocês?
Não, só uns lobistas. Um deputado tentou falar em uma assembleia e não deixaram, por falta de tempo. Aqui, ninguém é melhor que ninguém. Ser deputado não dá acesso automático.


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