São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2011

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ONU denuncia tortura no Afeganistão

Abusos teriam ocorrido em 47 unidades prisionais contra detentos suspeitos de possuir ligações com o Taleban

Segundo o documento, a violência aconteceu durante interrogatórios conduzidos pelo serviço secreto e pela polícia

DE SÃO PAULO

Um relatório da ONU constatou a prática de tortura contra prisioneiros suspeitos de ligação com o Taleban em 47 unidades prisionais do Afeganistão. Entre as vítimas estavam 23 adolescentes com idades entre 14 e 17 anos.
Segundo a ONU, a maioria dos abusos ocorreu em instalações da NDS (sigla da Direção Nacional de Segurança, o serviço secreto do governo afegão) e da Polícia Nacional.
O relatório foi baseado em entrevistas com 379 detentos realizadas entre outubro de 2010 e agosto de 2011. Deles, 324 eram suspeitos de ligação com o Taleban.
Foram registradas ao menos 125 alegações de tortura atribuída ao NDS e 41 relacionadas à Polícia Nacional. O tipo mais comum de tortura, segundo o documento, era amarrar as vítimas pelos pulsos com correntes em paredes ou no teto e espancá-las com mangueiras, fios elétricos e porretes -principalmente nas solas dos pés.
Também foram relatados casos de presos que sofreram choques elétricos nos órgãos genitais, tiveram as unhas arrancadas ou sofreram ameaças de abuso sexual.
Os técnicos da Unama, a missão de paz das Nações Unidas no Afeganistão, constataram nos detentos cicatrizes e hematomas supostamente provocados pela tortura, mas não foram autorizados a tirar fotos.
O relatório divulgado ontem não é o primeiro que denuncia tortura e abusos em prisões do Afeganistão. Em abril de 2009, após entrevistar quase 400 prisioneiros, a Comissão Independente de Direitos Humanos divulgou estudo com constatações semelhantes às da ONU.
Segundo a ONU, autoridades do Afeganistão cooperaram com a investigação e prometeram medidas para acabar com o problema -entre elas transferência de pessoal e processos criminais.
A coalizão de tropas internacionais lideradas pela Otan (aliança militar ocidental) parou de enviar prisioneiros para 16 das 24 unidades prisionais suspeitas e ofereceu ajuda ao governo afegão.


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