|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bush já aprovou plano de ataque
envolvendo até 250 mil militares
DO "THE NEW YORK TIMES"
O presidente dos EUA, George
W. Bush, estabeleceu um plano
para uma eventual guerra contra
o Iraque que começaria com uma
campanha aérea mais curta do
que a da Guerra do Golfo (91), disseram altas fontes do governo.
O plano prevê ações rápidas em
terra para tomar posições no país
e isolar a liderança em Bagdá.
Aprovado nas últimas semanas
por Bush, bem antes da resolução
da ONU de sexta-feira, o plano
prevê a mobilização de 200 mil a
250 mil militares para um ataque
aéreo, terrestre e naval. A ofensiva
começaria com um número bem
menor de tropas envolvidas, disseram oficiais do Pentágono.
O território capturado no início
do conflito serviria como base para a penetração de tropas americanas. A estratégia pretende aliviar a pressão diplomática que viria da concentração de tropas dos
EUA nos países vizinhos.
As tropas dos EUA e aliados
operariam a partir de bases no
norte, no oeste e no sul do Iraque,
usando lições aprendidas no Afeganistão, onde um posto desse tipo foi criado em Candahar.
Enquanto o Pentágono finaliza
o plano de ataque, a Casa Branca e
o Departamento de Estado discutem o que um alto funcionário
chamou de "transição direta" do
ataque à ocupação militar em partes do país. Ela incluiria esforços
para distribuir alimentos aos iraquianos e envolvê-los rapidamente em planos de desenvolvimento
econômico e democratização.
Enquanto isso, cientistas e militares iraquianos seriam estimulados a revelar depósitos secretos de
armas de destruição em massa.
Bush, depois de vários encontros para planejar a guerra com o
secretário da Defesa, Donald
Rumsfeld, e o general Tommy R.
Franks, comandante das forças
dos EUA no golfo Pérsico, decidiu
que a ação militar deve ocorrer
com grandes contingentes, como
queria Franks. Mesmo assim,
Bush pode ainda manter sua posição formal de que nenhuma decisão foi tomada porque ainda não
ordenou a guerra.
Mesmo enquanto os inspetores
de armas da ONU se preparam
para viajar ao Iraque, os EUA estão entrando numa nova fase de
posicionar forças logísticas, indício significativo de um movimento em direção a uma guerra.
O Exército está enviando rebocadores e empilhadeiras a um
enorme navio de carga na costa
da Virgínia destinado ao Golfo
para preparar portos na região
para a chegada de tanques e outros equipamentos militares.
Equipamentos pesados recentemente enviados à região permanecerão no Golfo enquanto as inspeções ocorrerem. Mas tropas e
navios enviados para exercícios
militares ou viagens de rotina podem voltar caso as inspeções
ocorram sem problemas.
O plano ainda tem partes indefinidas, mas membros do governo
afirmam que serão necessários de
200 mil a 250 mil militares americanos. O único aliado que deve
contribuir substancialmente com
tropas terrestres é o Reino Unido.
"Há opções dentro do plano,
mas há apenas um plano. Eles
concordaram com o principal",
disse um oficial, ressalvando que
o plano de guerra mantém flexibilidade sobre o envio de tropas para responder à reação iraquiana.
Segundo o plano, a campanha
aérea seria mais curta do que os
43 dias da Guerra do Golfo, durando provavelmente menos de
um mês.
No início, aviões da Marinha e
da Força Aérea, incluindo bombardeiros B-2, com 16 bombas
guiadas de uma tonelada, e B-1,
com 24 dessas bombas, atacariam
alvos como defesas aéreas e centros de comando. Apenas 9% das
bombas usadas na Guerra do Golfo eram guiadas. Agora, o número
seria maior do que 60%, permitindo um bombardeio mais efetivo com menos aeronaves.
A campanha buscaria isolar rapidamente a liderança em Bagdá e
em outros pouco importantes
centros de comando na esperança
de causar um rápido colapso do
regime de Saddam Hussein.
Como no Afeganistão, forças especiais se infiltrariam no país no
início da campanha para escolher
os alvos, eliminar armas de destruição em massa e tomar instalações estratégicas para impedir
que Saddam detenha o assalto dos
EUA com ações como incendiar
vastos campos petrolíferos.
Com o objetivo de liberar o país
do regime de Saddam rapidamente, a ofensiva tentaria não repetir a vasta destruição ocorrida
na guerra de 1991, evitando destruir importantes serviços urbanos e alienar a população local, e
encorajaria a deserção de tropas
iraquianas. Os alvos dos bombardeios seriam os pilares de poder,
como sedes do governo e os enormes palácios presidenciais.
"Apesar de não desejarmos matar muitos soldados iraquianos, se
eles lutarem de forma estúpida,
nós o faremos", disse um militar.
O Pentágono quer evitar batalhas urbanas sangrentas, mas
Saddam já se mostrou um adversário perverso, e membros da administração lançaram uma campanha para advertir os comandantes militares iraquianos de
que eles serão processados por
crimes de guerra se usarem armas
de destruição em massa. Na semana passada, Bush sugeriu que
Saddam pode deliberadamente
sacrificar a população iraquiana
para manchar a vitória militar dos
EUA com sangue civil.
"Os generais no Iraque devem
entender claramente que haverá
consequências pelo seu comportamento", disse Bush. Segundo
observadores do Iraque, Saddam
está preparando milhares de voluntários civis para "brigadas de
mártires".
Texto Anterior: Iraque na mira: Árabes pressionam Bagdá a aceitar inspeção Próximo Texto: Estabelecimentos americanos são alvo de manifestantes na Bélgica Índice
|