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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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EUA

Número crescente de obesos leva entidades a defender a classificação, para que o tratamento tenha cobertura de planos de saúde

EUA debatem classificação de obesidade como doença

Robyn Beck - 30.jul.2003/France Presse
Mulher americana sai de uma loja de doces em Los Angeles


CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

O crescente número de pessoas consideradas obesas nos EUA tem pressionado autoridades governamentais de saúde a classificar a obesidade como doença.
Hoje, 64,5% dos americanos com mais de 20 anos estão acima do peso, 30,5% são obesos e 4,7% são severamente obesos, segundo dados da AOA (Associação Americana de Obesidade, pela sigla em inglês). Para a entidade, a obesidade deve ter status de doença.
Nos EUA, a questão já é tratada como um problema de saúde pública, mas rotular a obesidade como doença está longe de atingir um consenso.
"Não é só uma questão de fechar a boca. Tratar a obesidade desse modo é um erro. É como dizer para uma pessoa com asma: Respire calmamente e pronto. A obesidade deve ser vista como uma doença, pois as pessoas obesas não têm o controle total dos fatores que causam o problema", disse Arthur Frank, médico e diretor do Programa de Controle de Peso da Universidade George Washington.
Esse ponto de vista foi incorporado pelo IRS (sigla para Serviço de Renda Interna, responsável pelo imposto de renda nos EUA) no ano passado. De acordo com a determinação do IRS, alguns gastos médicos relativos à obesidade podem ser deduzidos na declaração de renda, assim como gastos com problemas cardíacos, câncer e outras doenças.
"Hoje há uma vasta literatura que sugere que a obesidade deve ser considerada uma doença", diz nota dos Centros de Cuidados e Ajuda Médica, a agência federal encarregada das questões de cobertura de serviços médicos. A agência, entretanto, ainda não decidiu a respeito da questão. O processo sobre a mudança da classificação da obesidade está em andamento desde 2001. Não há data para a decisão final.
Caso haja uma mudança na classificação da obesidade, diz a AOA, os obesos poderão ter cobertura para tratamentos e medicamentos para o controle e redução de peso. A associação argumenta ainda que, ao ser encarada como uma doença -como ocorre com o alcoolismo, por exemplo-, o estigma e o preconceito que se abatem sobre os obesos poderão ser reduzidos.
"A obesidade pode ser um fator de risco para várias doenças, mas ela, em si, não é uma doença", discorda Paul Ernsberger, professor da escola de medicina da Case Western Reserve University, em Cleveland.
O médico destaca ainda que ainda aumentar o acesso de pacientes a drogas que supostamente ajudam a reduzir peso pode ser uma atitude perigosa. "É importante ressaltar que muitas dessas drogas não se mostram eficientes", alertou. Ernsberger também atua como conselheiro da "National Association to Advance Fat Acceptance" (Associação Nacional para Aumentar a Aceitação dos Obesos).


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