São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA/ SUBMUNDO DA POLÍTICA

Obama pede renúncia de governador suspeito

Filho do pastor Jesse Jackson é ligado a caso de venda de vaga do eleito no Senado

Jesse Jackson Jr. nega ter autorizado governador de Illinois a negociar cadeira em seu nome; oposição a Obama tenta envolvê-lo

Mark Carlson/Associated Press
Blagojevich, solto sob fiança, é fotogrado na rua em Chicago; ele ainda pode fazer a nomeação

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, pediu ontem a renúncia do governador do Estado de Illinois, Rod Blagojevich, um dia após ele ser detido por promotores federais sob acusações de corrupção. Segundo a investigação, Blagojevich tentou vender a vaga de Obama no Senado -os opositores do presidente eleito tentam implicá-lo no escândalo.
"Se tornou difícil para o governador fazer seu trabalho com eficiência e servir ao povo de Illinois", disse em comunicado um porta-voz de Obama.
"O presidente eleito acredita que a Assembléia [do Estado] deva (...) estabelecer um processo para selecionar um novo senador, que tenha a confiança do povo de Illinois."
Democrata como Obama, Blagojevich, solto sob fiança, ainda é o governador em exercício e mantém o direito de indicar o sucessor do presidente eleito no Senado. Além de leiloar a vaga, o governador foi acusado de pedir propinas e de pressionar o grupo do jornal "Chicago Tribune" a demitir funcionários críticos a ele.
Investigadores afirmam ter gravado conversas de Blagojevich que comprovam as acusações, mas o governador nega qualquer ação ilegal.
Ao mesmo tempo, Obama, que não foi implicado na investigação, está enfrentando crescente especulação sobre suas relações com esquemas de corrupção em Chicago.
O presidente eleito negou qualquer contato com a equipe de Blagojevich para discutir seu substituto no Senado. Mas a negativa contraria declarações anteriores de seu assessor sênior, David Axelrod, que, no mês passado, disse que Blagojevich e Obama discutiram nomes para a vaga. Na terça, Axelrod disse em nota que "se enganou" e que "eles não discutiram o assunto na época nem em qualquer outra ocasião".
As explicações, por enquanto, não acabaram com os ataques de opositores do eleito. "A seriedade dos crimes listados pelos promotores federais levanta questões sobre as interações entre o governador Blagojevich, (...) Obama e outros funcionários de alto escalão que trabalharão para o futuro presidente", disse o deputado republicano Eric Cantor.

Candidato número cinco
Nas conversas de Blagojevich que a investigação gravou, o governador critica Obama, dizendo que ele é favorável a candidatos "que não dariam nada em troca a não ser gratidão".
Ele também afirma acreditar que um político interessado na vaga no Senado estaria disposto a pagar somas vultosas pelo "favor". As acusações se referem ao político como "candidato número cinco", e ontem ele foi identificado como sendo Jesse Jackson Jr., filho do pastor e ativista Jesse Jackson. Jackson Jr. é atualmente deputado federal por Illinois.
Em entrevista coletiva, Jackson Jr. confirmou que é o "candidato número cinco", mas negou que ele tenha feito qualquer negociação financeira envolvendo a vaga no Senado.
"Eu pensei que o governador estava avaliando a mim e a outros candidatos com base em nosso histórico e qualificações. Não sabia que o processo havia sido corrompido."
Jackson Jr. se juntou a Obama no pedido pela renúncia de Blagojevich e acrescentou que nunca autorizou ninguém a negociar a vaga em seu nome.
O deputado disse ainda que fora contatado pelo FBI (polícia federal), mas que não era alvo de nenhuma investigação.


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