|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em Chicago, presidente eleito pisa em terreno minado
DO "NEW YORK TIMES"
Um telefonema que o presidente eleito dos EUA, Barack
Obama, fez três meses atrás para incentivar a aprovação de
um projeto de lei estadual sobre ética contribuiu para a prisão do governador de Illinois,
Rod Blagojevich.
Obama ligou para Emil Jones
Jr., presidente do Senado de
Illinois. Assim como Blagojevich, que o vetara, Jones tinha
feito críticas ao projeto de lei,
que visava limitar a influência
do dinheiro sobre a política.
Mas, depois da ligação de Obama, o Senado derrubou o veto,
levando o governador a pressionar empresas que tinham
contratos com o Estado a fazer
contribuições de campanha antes que as restrições da lei entrassem em vigor, em janeiro.
Informados dos esforços de
Blagojevich, agentes federais
pediram permissão para grampear seus telefones e acabaram
ouvindo o que dizem ser tramóias do governador para lucrar com a nomeação do substituto de Obama no Senado.
A política de Illinois é um cenário no qual Obama se movimentou por muito tempo, praticando uma espécie de "realpolitik" no estilo de Chicago,
que lhe permitiu beneficiar-se
de relacionamentos com figuras importantes sem se contaminar com seus pontos fracos.
Não há nada que indique que
Obama tivesse qualquer conhecimento dos planos de Blagojevich de pedir dinheiro e favores
em troca de sua cadeira. Mas,
como casos anteriores, o atual
envolve personagens políticos
que figuram em várias etapas
da ascensão de Obama de senador estadual pouco conhecido a
candidato presidencial e depois
se envolveram em escândalos
de corrupção.
Obama assessorou a primeira campanha de Blagojevich ao
governo, em 2002, e o apoiou
novamente em 2006, embora
então já tivessem surgido questionamentos sobre a possível
venda de cargos estaduais.
Obama também declarou que
Antoin Rezko, empresário condenado por corrupção neste
ano e ligado a Blagojevich, o
ajudou a iniciar-se na política.
Rezko contribuiu para a primeira campanha de Obama para o Senado estadual, em 1995,
e mais tarde tornou-se arrecadador de fundos de sua campanha para o Senado federal. Mas,
à medida que os problemas de
Rezko com a Justiça foram se
agravando, políticos de Illinois,
incluindo Obama, passaram a
repudiá-lo e devolver suas doações de campanha.
O relacionamento de Obama
com Blagojevich não era muito
melhor quando, em setembro,
ele tomou a decisão de telefonar a Emil Jones sobre o projeto de lei de ética, que estava parado. Na época, os republicanos
tentavam macular sua imagem
aos olhos dos eleitores, ligando-o à história de política corrupta de Chicago. Obama exortou Jones a passar ao largo de
Blagojevich e aprovar a lei.
Quando lhe foi perguntado, na
época, por que Obama se envolvera no assunto, Jones respondeu: "Ele é um amigo".
Quando o Senado de Illinois
aprovou a medida, Obama elogiou a iniciativa, dizendo que
ela criou "uma lei de ética mais
dura que vai reduzir a influência do dinheiro sobre o processo político em nosso Estado". A
intervenção de Obama aprofundou uma divisão entre ele e
Blagojevich que já vinha crescendo havia algum tempo.
Tradução de CLARA ALLAIN
Texto Anterior: Obama pede renúncia de governador suspeito Próximo Texto: Jornal afirma não ter sofrido pressão para demitir funcionários Índice
|