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Prisioneiro de Abu Ghraib diz que americano se divertia ao torturar
DA REDAÇÃO
Em depoimento gravado em vídeo, um homem sírio detido na
prisão iraquiana de Abu Ghraib
diz que Charles Graner, 36, ex-carcereiro da prisão, era o líder
das sessões de tortura ali ocorridas e se divertia ao humilhar e espancar prisioneiros.
A fita foi exibida ontem em um
tribunal militar no Texas, durante
sessão do julgamento de Graner
por diversas acusações de maus-tratos na prisão iraquiana.
A tortura de prisioneiros foi revelada no ano passado, após a divulgação de fotografias das sessões feitas pelos próprios torturadores. Graner é o primeiro dos
envolvidos a ser julgado.
No depoimento gravado, Amin
al-Sheikh diz que Graner o agrediu fisicamente e o obrigou a comer carne de porco e beber álcool
-condutas proibidas pela religião islâmica-, além de ameaçá-lo de morte várias vezes.
Questionado pelo interrogador
se Graner parecia estar gostando
de feri-lo, Al Sheikh disse, via intérprete: "Ele ria. Ele assobiava.
Ele cantava".
Al Sheikh afirmou que estava no
Iraque para lutar contra as forças
da coalizão que invadiram o país,
e que foi preso com um rifle AK-47, granadas e material para fabricação de bombas.
Ao ser levado para Abu Ghraib,
ele diz que Graner pulou sobre
sua perna, que havia sido ferida a
bala, e bateu nela com um bastão.
Diz ainda que por várias vezes
Graner trazia um soldado que urinava sobre ele. Para Al Sheikh,
Graner em várias ocasiões teria
atuado em conjunto com os interrogadores americanos da prisão.
A estratégia da defesa de Graner
é sustentar a tese de que os acusados agiam sob ordens e incentivo
de oficiais superiores e agentes de
inteligência, que lhes pediam para
"amaciar" os prisioneiros para as
sessões de interrogatório.
Segundo Guy Womack, advogado de defesa, Graner e seus colegas eram recompensados por
maltratar os prisioneiros. "Quanto mais agressivos eles se tornavam, mais informações eles conseguiam, e mais elogios recebiam", afirmou.
O julgamento de Graner começou anteontem, quando foram
ouvidos depoimentos de testemunhas militares e de alguns colegas de tortura do ex-carcereiro,
que já se confessaram culpados.
O primeiro a testemunhar foi o
soldado Matthew Wisdom, que
afirma ter visto Graner ter dado
um soco na cara de um dos prisioneiros. Segundo Wisdom, o soco
foi dado imediatamente após
Graner ter sido fotografado com o
braço pronto para dar o soco.
A foto em questão, feita pelos soldados, é uma
das que foram divulgadas pela
imprensa e deram início ao processo dos envolvidos.
Ao ser questionado com que
força Graner teria batido no prisioneiro, Wisdon disse: "Se eu
fosse aquele preso, estou certo de
que teria sido muito doloroso".
Outros dois soldados que participaram das sessões de tortura
testemunharam ontem contra
Graner. Eles já se confessaram
culpados e fizeram acordos com a
acusação para testemunhar contra Graner. Ambos confirmaram
ter presenciado Graner espancando e humilhando prisioneiros.
Se condenado em todas as acusações, Graner pegará 17 anos e
meio de prisão. O julgamento deve acabar ainda nesta semana.
Outros três militares envolvidos
aguardam julgamento, entre eles
a soldado Lynndie England, que
em outubro deu a luz um a filho
que, segundo os procuradores, é
resultado de seu relacionamento
com Graner.
Com agências internacionais
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