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ÁSIA
Um dia após anunciar que tem armas atômicas, Pyongyang repete que só aceita negociar diretamente com Washington
EUA rejeitam exigência norte-coreana
DA REDAÇÃO
Um dia após anunciar ao mundo que possui armas atômicas, a
Coréia do Norte exigiu ontem negociações diretas com os Estados
Unidos para discutir seu programa nuclear, fora das conversações
mantidas desde 2003, que envolvem, além dos dois países, Coréia
do Sul, Japão, China e Rússia. A
exigência norte-coreana, já repetida no passado, foi prontamente
rejeitada por Washington.
"Há muitas oportunidades para
a Coréia do Norte falar diretamente conosco no contexto das
conversações dos seis lados", disse Scott McClellan, porta-voz da
Casa Branca. "Não é um assunto
entre a Coréia do Norte e os Estados Unidos. É um assunto regional, um assunto que tem impacto
sobre seus vizinhos."
A demanda por contatos cara a
cara com os americanos foi feita
nesta sexta-feira em entrevista a
um jornal de Seul, capital da Coréia do Sul, pelo embaixador norte-coreano nas Nações Unidas,
Han Sang Ryol. "Se os Estados
Unidos se moverem na direção de
um diálogo direto conosco, poderemos entender [o gesto] como
um sinal de que estão mudando
sua política hostil", disse Han ao
jornal "Hankyoreh". "Nós voltaremos às conversações dos seis
países quando virmos um motivo
para fazê-lo e as condições estiverem maduras".
O anúncio feito por Pyongyang
anteontem, que confirmou uma
desconfiança que prevalecia havia
anos entre os especialistas, causou
preocupação mundial e deu origem a uma série de condenações e
apelos de moderação, sobretudo
dos outros cinco participantes das
conversações. O Japão, que está
ao alcance dos mísseis norte-coreanos, voltou a pedir ontem que
o vizinho voltasse às negociações,
mas não deu mostras de que mudará uma lei que cria barreiras comerciais a embarcações norte-coreanas em seus portos, prevista
para vigorar a partir de março.
"Entendo que o clamor para
que sejam impostas sanções esteja crescendo, disse o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, "mas primeiro temos de exortá-los a voltar às negociações."
Parte da opinião pública do Japão
ainda guarda ressentimentos em
relação à Coréia do Norte por causa do seqüestro de japoneses feito
pelo país nos anos 70 e 80, para
treinar espiões.
A Coréia do Norte, um dos países mais fechados do mundo, justificou a decisão de deixar as negociações multilaterais alegando
que a política do governo de
George W. Bush tem o objetivo de
derrubar o regime comunista de
King Jong-il. Bush, que em 2002
incluiu o país no que chamou de
"eixo do mal", ao lado de Irã e Iraque, disse em seu último Discurso
sobre o Estado da União, dia 20 de
janeiro, estar comprometido com
o fim da tirania no mundo, sem
citar os norte-coreanos.
O porta-voz da Casa Branca repetiu ontem o que a secretária de
Estado americana, Condoleezza
Rice, dissera no dia anterior: Washington não tem intenção de atacar o país. "A Coréia do Norte não
tem motivos para acreditar que
qualquer país queira atacá-la",
disse Scott McClellan. "Há uma
proposta que abre caminho para
que a Coréia do Norte elimine seu
programa de armas nucleares e
melhore suas relações com a comunidade internacional."
Há dois anos a Coréia do Norte
busca o diálogo direto com os
EUA, numa tentativa de elevar
seu status internacional e para
não ter de lidar com vizinhos cada
vez mais tensos com seu programa nuclear. Mas a Casa Branca rejeita um contato bilateral como o
feito pelo governo de Bill Clinton,
que levou, em 1994, a um acordo
em que Pyongyang se comprometeu a congelar suas ambições
nucleares em troca de concessões
econômicas. A crise atual começou no fim de 2002, quando os
norte-coreanos admitiram ter um
programa de enriquecimento de
urânio, em clara violação ao acordo de 1994.
Com agências internacionais
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