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Ramos-Horta é transferido em estado grave
Presidente de Timor Leste, atingido por três tiros em ataque contra sua residência, é levado para hospital na Austrália
Premiê, que escapou de
outro ataque, denuncia
tentativa de golpe de Estado
e decreta estado de sítio;
Austrália envia mais tropas
Manuel de Alameda - 13.mai/06Efe
![](../images/e1202200801.jpg) |
Reinado (esq.) com Ramos-Horta e o Xanana Gusmão, em 2006 |
DA REDAÇÃO
Um dia depois de sofrer três
ferimentos a bala em um ataque comandado por um militar
exonerado em 2006, o presidente de Timor Leste, José Ramos Horta, foi levado ontem a
um hospital de Darwin, na Austrália. Seu estado é grave. A
Austrália, que responde pela
metade do contingente da força
de paz das Nações Unidas no
país (1.600 homens), anunciou
o envio de mais 200 soldados.
O atentado contra Ramos-Horta -que ganhou em 1996 o
Nobel da Paz pelo papel na luta
dos habitantes da ex-colônia
portuguesa contra a ocupação
pela vizinha Indonésia-, ocorreu no início da manhã de segunda-feira (noite de domingo
no Brasil), quando homens armados em dois jipes metralharam a fachada da residência oficial, na capital, Dili.
O presidente fazia exercícios
na frente da casa e foi atingido
ao tentar fugir.
A troca de tiros entre os
agressores e os seguranças do
presidente deixou três mortos
-um guarda-costas, um atacante e o ex-major Alfredo Reinado, que foi exonerado das
Forças Armadas locais, com
outros 600 militares, depois de
liderar uma rebelião contra o
governo, há dois anos. A razão
expressa da rebelião foi a reivindicação de aumento salarial,
mas os rebelados foram acusados de ligação com a Indonésia.
Estado de sítio
O premiê Xanana Gusmão
que escapou ileso de uma emboscada semelhante, decretou
estado de sítio por 48 horas,
com toque de recolher em Dili,
e disse que o ataque foi um "golpe de Estado fracassado". O vice-presidente do Parlamento,
Vicente Guterres, foi nomeado
presidente interino.
Ramos-Horta foi levado em
um avião militar até o Real
Hospital de Darwin, na Austrália. O presidente, que levou dois
tiros no abdome e um no estômago, respira por aparelhos e
está em coma induzido. "São ferimentos muito graves, especialmente a lesão no peito", relatou Len Notaras, diretor do
hospital. "As próximas 24 a 48
horas nos dirão se houve progresso [no estado de Ramos-Horta]. Esperamos que as boas
habilidades cirúrgicas daqui
signifiquem que ele terá uma
boa chance de recuperação",
disse Notaras.
A situação em Dili está calma. "Sabemos que tudo pode
acontecer, mas o clima é de
tranqüilidade", disse à Folha o
secretário executivo do Ministério do Trabalho e Emprego,
André Figueiredo, que representa o Brasil numa reunião
dos ministros do Trabalho da
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
As circunstâncias dos ataques ainda não foram totalmente esclarecidas. Autoridades não têm certeza se Reinado
planejava, de fato, um golpe de
Estado, já que uma ação para
derrubar o governo acabaria
reprimida pelos militares estrangeiros sob mandato da
ONU. A força de paz está estacionada em Timor desde a retirada indonésia, em 1999. A soberania de Timor foi formalmente reconhecida em 2002.
Com agências internacionais
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