São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Australiano vê crise; brasileiro está otimista

SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

O futuro de Timor Leste após a tentativa de assassinato das duas maiores lideranças políticas nacionais e a morte do principal chefe rebelde, Alfredo Reinado, divide opiniões de especialistas. Para o australiano Damien Kingsbury, da Universidade Deakin, a situação atual é sinal de que a crise político-institucional vai piorar no país. "O primeiro-ministro Xanana [Gusmão] vai ter de se empenhar muito para garantir que o governo mantenha a coesão. É uma situação de crise, agora", comenta Deakin.
John Virgoe, do centro de estudos International Crisis Group, também avalia que a fragilidade das instituições de Timor deve levar a um agravamento da situação atual. "Não há política de segurança nacional, a legislação é vaga e a polícia não tem missões claramente definidas e sofre de excesso de inteferência política", afirma Virgoe, ressaltando que "os problemas que assolam Timor Leste são profundos".
A visão pessimista não é compartilhada pelo embaixador do Brasil em Dili, Antonio José Maria de Souza e Silva, que acompanha a situação desde o Rio de Janeiro, onde está em missão. Ele avalia que os grupos que atuavam em nome de Reinado perdem a capacidade de ação com a morte do líder. "Esse pessoal já era. Reinado era o líder de uns meninos de 18 anos, que não têm projeto político nem visão", disse à Folha.
"O ataque de Reinado foi um ato de desespero, pois a comunidade internacional pressionava para que ele fosse preso. Sua morte satisfaz muita gente", avalia Souza e Silva.
Miguel Santos Neves, do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais de Lisboa, encara os ataques de domingo como uma espécie de limite no nível de violência em Timor. "Não creio que haverá maior instabilidade. Politicamente, haverá agora melhores condições de diálogo, já que os grupos ligados a Reinado usaram o ataque como um sinal de que não podem ser marginalizados do processo político", afirmou à Folha.


Com agências internacionais e "Financial Times"

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