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SUSPEITOS
Governo do premiê fez grande ofensiva contra os bascos e apóia EUA no Iraque
Aznar era inimigo de ETA e Al Qaeda
DA REDAÇÃO
O grupo terrorista basco ETA e
um grupo terrorista islâmico ligado à Al Qaeda (a responsável pelo
11 de Setembro) eram os maiores
suspeitos de terem cometido os
atentados de ontem em Madri.
Ambos têm motivos para o ataque. O ETA sofreu duros golpes
no governo de José María Aznar,
que apóia com vigor a "guerra ao
terrorismo" dos EUA e a invasão e
a ocupação do Iraque.
A repressão ao ETA deixou o
grupo praticamente acéfalo. Suas
lideranças históricas estão na prisão. Os dirigentes que as substituíram também foram presos. Para o pesquisador francês William
Genieys, 40, especialista em Espanha no CNRS (Centro Nacional
da Pesquisa Científica) e professor da Universidade de Montpellier, caso se comprove que ela está por trás dos atentados de ontem, a autoria deve ser atribuída a
células dispersas que tentam se
impor por meio da radicalização.
O modus operandi do ETA até
agora não incluía a prática de
atentados suicidas e raramente visava o público em geral. Os alvos
mais comuns sempre foram políticos que se opõem à independência basca e as forças de segurança.
Dan Plesch, da Universidade de
Londres, acredita ser bem mais
verossímil uma ação do ETA do
que da Al Qaeda, que procuraria
renascer depois de ondas de prisão que vitimaram seus líderes.
O ETA foi fundado em 1959 como um movimento de oposição
ao regime franquista. Em 1968,
começou a realizar atentados terroristas que, sem contar os ataques de ontem, já deixaram mais
de 800 mortos. Em 1998, o grupo
decretou uma trégua, que durou
14 meses, até 2000, ano em que
houve o recrudescimento da violência. A partir de 2001, as ações
tornaram-se raras. No ano passado, apenas três pessoas foram
mortas em ataques do grupo.
Fundamental para o sucesso da
ofensiva contra o ETA foi a cooperação que o governo francês
passou a dar à Espanha em anos
recentes. A região basca francesa
servia de abrigo a líderes do ETA
devido à relutância de Paris em
colaborar com Madri.
Terror islâmico
As Brigadas de Abu Hafs al Masri, que reivindicaram a autoria de
grandes atentados nos últimos
meses, se apresentaram como autoras dos ataques aos trens.
Em carta enviada ao jornal árabe sediado em Londres "Al Quds
Al Arabi", dizem: "Conseguimos
nos infiltrar no coração da Europa e atingir um dos principais pilares da aliança dos cruzados, a
Espanha", uma referência ao forte
apoio do premiê José María Aznar ao presidente dos EUA, George W. Bush, tanto na invasão do
Iraque, em março, quanto na chamada guerra ao terror. A legitimidade da carta não foi confirmada.
No documento (leia a carta ao
lado), o grupo ainda faz ameaças a
outros aliados de Washington,
como Reino Unido, Japão e Itália.
"Onde está a América agora?
Quem os protegerá de nós?". Em
outro trecho, o texto diz que um
grande ataque contra os EUA está
no estágio final de preparação.
As Brigadas haviam assumido,
anteriormente, a autoria do duplo
ataque contra sinagogas em Istambul (Turquia), que matou 23
em novembro, e do atentado contra a sede da ONU em Bagdá, que
em agosto passado matou 23 pessoas -entre elas o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Em nenhuma
vez, ela foi comprovada.
Na ocasião do ataque na Turquia, o grupo ameaçou promover
atentados em países aliados aos
EUA: "Dizemos ao criminoso
Bush e a seus lacaios entre os árabes e os estrangeiros, em particular a Reino Unido, Itália, Austrália
e Japão: vocês verão carros da
morte com seus próprios olhos".
Na carta de ontem, ameaçam o
Iêmen e o Paquistão, que colaboram com os EUA na guerra ao terror. O nome das Brigadas vem de
Abu Hafs, codinome de um parente do saudita Osama bin Laden (o líder da Al Qaeda) morto
em um ataque dos EUA no Afeganistão, no fim de 2001.
Com agências internacionais
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