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Atletas buscam
mercado negro
para ter bacon
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dirigentes ajudam a
atenuar o choque cultural, os
salários são atraentes, a acolhida dos companheiros de
equipe é calorosa.
Parece um cenário perfeito, mas os jogadores dos
EUA que rumaram para o
Irã também têm motivos para queixas. E elas brotam logo no café da manhã.
Fãs de bacon, alimento ilegal no Irã, alguns norte-americanos precisaram apelar para o contrabando para
saciar o apetite.
"Simplesmente não vivo
sem bacon. Antes de vir para
cá, não lembro de ter ficado
um dia sem comer umas 20
fatias pela manhã. Conversando com amigos, descobri
que poderia encontrá-lo no
mercado negro. Mas o preço
é de doer", afirma Garth Joseph, que teve curta passagem pela NBA, a milionária
liga profissional dos EUA, na
qual defendeu com pouquíssimo brilho o Toronto Raptors e o Denver Nuggets.
Cada 250 gramas, segundo
informa o jogador, custam
US$ 20. Certa vez, foi à periferia de Teerã para se certificar de que não estava sendo
enganado. "Só que não deu
muito certo. Imagine um negão de dois metros de altura
no meio de um mercadinho
ilegal cheio de mulheres vestidas com burca."
O valor da carne de porco,
proibida no país porque o
animal é considerado "impuro" pelos muçulmanos,
também gera protestos do
colega Andre Pitts. "É tão caro que eu tentei me adaptar
aos pratos locais. Mesmo assim, ainda preciso comprar
muitos pedaços por meios
não convencionais", explica.
Como compensação, Pitts
pode se gabar de também ter
dado um pouco de dor de
cabeça para os dirigentes locais. Os dois brincos de diamantes que carrega nas orelhas e as nove tatuagens espalhadas pelo corpo o transformaram em um problema
para dirigentes. Tudo porque alguns colegas de time
decidiram imitar seu estilo.
"Vários já fizeram tatuagens.
Eles precisam ocultá-las,
porque é proibido por aqui."
O atleta conta que torcedores, especialmente os mais
jovens, costumam ir aos treinos e o bombardeiam com
perguntas sobre como marcar a pele com desenhos.
"Não posso dar conselhos
desse tipo. Sempre que um
garoto me faz perguntas desse tipo eu peço para conversar com seus pais."
O frisson descrito por Pitts
pode soar exagerado. Mas,
coincidência ou não, a Federação Iraniana de Basquete
emitiu um comunicado no
final do ano passado condenando o uso de tatuagens e
exortando os atletas locais a
não copiarem os forasteiros.
(GR)
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