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Defensoria pode pedir anulação
do enviado especial
O titular da Defensoria do Povo
do Peru, Jorge Santistevan, disse
que irá pedir a anulação das eleições, caso o resultado aponte vitória do presidente Alberto Fujimori no primeiro turno.
"A Defensoria do Povo tem
competência para recorrer à
CIDH (Comissão Interamericana
de Direitos Humanos) e assim o
faremos, se for necessário", afirmou em entrevista à Folha.
Segundo Santistevan, o CIDH
(organismo internacional do qual
o Peru faz parte) poderia anular
as eleições, já que a fraude eleitoral também é considerada uma
violação dos direitos humanos.
O defensor é a única autoridade
pública de atuação nacional que
ameaça se insurgir contra o resultado oficial das eleições peruanas.
Santistevan tem apoiado os informes da ONG (organização
não-governamental) local Transparencia e da OEA (Organização
dos Estados Americanos) que
apontam fraude nas eleições.
"O que temos até agora são dúvidas sobre a legitimidade do processo. É preciso esperar o resultado final. De qualquer modo, não
há possibilidade matemática de
que haja um ganhador no primeiro turno", afirmou.
Vários organismos de defesa
dos direitos humanos consideram que, entre os órgãos oficiais
do Peru, a Defensoria do Povo é o
único que não está sob tutela do
governo.
O Judiciário, o Ministério Público, o JNE (corte eleitoral suprema) e a Onpe (órgão responsável
por organizar as eleições) estariam sob controle de Fujimori.
"O governo deveria impedir a
participação de funcionários públicos na campanha eleitoral,
conforme foi comprovado pela
Transparencia. Não existe isenção por parte de muitos servidores do Estado", disse.
Ele disse que a Onpe não conseguiu esclarecer a demora na divulgação dos primeiros resultados parciais, que ocorreu 13 horas
depois do horário marcado. "Não
há vontade de investigar as graves
denúncias que estão sendo feitas", afirmou.
De acordo com o defensor, a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos pode declarar as
eleições nulas e exigir que essa decisão seja acatada pelo JNE. "Seria
uma situação limite, mas não podemos descartá-la", disse ele.
Santistevan também criticou as
TVs abertas por não terem oferecido espaço publicitário pago aos
candidatos de oposição.
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