São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Defensoria pode pedir anulação

do enviado especial

O titular da Defensoria do Povo do Peru, Jorge Santistevan, disse que irá pedir a anulação das eleições, caso o resultado aponte vitória do presidente Alberto Fujimori no primeiro turno.
"A Defensoria do Povo tem competência para recorrer à CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) e assim o faremos, se for necessário", afirmou em entrevista à Folha.
Segundo Santistevan, o CIDH (organismo internacional do qual o Peru faz parte) poderia anular as eleições, já que a fraude eleitoral também é considerada uma violação dos direitos humanos.
O defensor é a única autoridade pública de atuação nacional que ameaça se insurgir contra o resultado oficial das eleições peruanas.
Santistevan tem apoiado os informes da ONG (organização não-governamental) local Transparencia e da OEA (Organização dos Estados Americanos) que apontam fraude nas eleições.
"O que temos até agora são dúvidas sobre a legitimidade do processo. É preciso esperar o resultado final. De qualquer modo, não há possibilidade matemática de que haja um ganhador no primeiro turno", afirmou.
Vários organismos de defesa dos direitos humanos consideram que, entre os órgãos oficiais do Peru, a Defensoria do Povo é o único que não está sob tutela do governo.
O Judiciário, o Ministério Público, o JNE (corte eleitoral suprema) e a Onpe (órgão responsável por organizar as eleições) estariam sob controle de Fujimori.
"O governo deveria impedir a participação de funcionários públicos na campanha eleitoral, conforme foi comprovado pela Transparencia. Não existe isenção por parte de muitos servidores do Estado", disse.
Ele disse que a Onpe não conseguiu esclarecer a demora na divulgação dos primeiros resultados parciais, que ocorreu 13 horas depois do horário marcado. "Não há vontade de investigar as graves denúncias que estão sendo feitas", afirmou.
De acordo com o defensor, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos pode declarar as eleições nulas e exigir que essa decisão seja acatada pelo JNE. "Seria uma situação limite, mas não podemos descartá-la", disse ele.
Santistevan também criticou as TVs abertas por não terem oferecido espaço publicitário pago aos candidatos de oposição.


Texto Anterior: Crise política já afeta a economia
Próximo Texto: EUA "esperam" segundo turno
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.