São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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ENTENDA A CRISE

População cobra promessas não cumpridas

DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi eleito pela primeira vez no fim de 1998, prometendo uma "revolução bolivariana" que mudaria completamente as estruturas político-institucionais do país. Em 1992, o coronel Chávez havia comandado um fracassado golpe militar contra o presidente Carlos Andrés Pérez.
A eleição de Chávez marcou o fim do domínio de décadas que os partidos Ação Democrática e Copei (Democrata Cristão) mantinham sobre a política, baseado no clientelismo financiado pelas enormes reservas de petróleo do país.
Grande orador, o populista Chávez prometia erradicar a corrupção e a pobreza que atinge cerca de 80% da população, além de combater a alta criminalidade. Convocou uma Assembléia Constituinte, na qual teve maioria absoluta, e começou a mexer nas instituições, reformando o Judiciário e colocando militares nas escolas e nas repartições públicas.
Com a falta de resultados no combate à pobreza e à violência, Chávez começou a perder apoio popular e de políticos poderosos, como governadores antes aliados.
Sua relação com a imprensa, sempre conturbada, atingiu o patamar de confronto aberto nos últimos meses. A Igreja Católica também passou a criticar duramente o presidente, assim como as lideranças empresariais e os sindicatos, que organizaram com sucesso uma greve geral no final do ano passado.
Chávez entrou em choque com os EUA, que criticaram suas pressões sobre a imprensa, seu papel ambíguo em relação à guerrilha colombiana e sua aproximação com Cuba.
Nos últimos meses, Chávez vem perdendo apoio também entre os militares. Anteontem, o general Nestor González pediu a renúncia do presidente e o acusou de mentir sobre sua relação com os guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). González foi o sexto oficial do país a criticar Chávez publicamente em dois meses.
Segundo uma pesquisa de opinião divulgada no mês passado, 64,8% dos venezuelanos votariam pela saída de Chávez em um eventual referendo.



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