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ENTENDA A CRISE
População cobra promessas não cumpridas
DA REDAÇÃO
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, foi eleito pela
primeira vez no fim de 1998,
prometendo uma "revolução
bolivariana" que mudaria
completamente as estruturas
político-institucionais do país.
Em 1992, o coronel Chávez havia comandado um fracassado
golpe militar contra o presidente Carlos Andrés Pérez.
A eleição de Chávez marcou
o fim do domínio de décadas
que os partidos Ação Democrática e Copei (Democrata
Cristão) mantinham sobre a
política, baseado no clientelismo financiado pelas enormes
reservas de petróleo do país.
Grande orador, o populista
Chávez prometia erradicar a
corrupção e a pobreza que atinge cerca de 80% da população,
além de combater a alta criminalidade. Convocou uma Assembléia Constituinte, na qual
teve maioria absoluta, e começou a mexer nas instituições,
reformando o Judiciário e colocando militares nas escolas e
nas repartições públicas.
Com a falta de resultados no
combate à pobreza e à violência, Chávez começou a perder
apoio popular e de políticos
poderosos, como governadores antes aliados.
Sua relação com a imprensa,
sempre conturbada, atingiu o
patamar de confronto aberto
nos últimos meses. A Igreja Católica também passou a criticar
duramente o presidente, assim
como as lideranças empresariais e os sindicatos, que organizaram com sucesso uma greve geral no final do ano passado.
Chávez entrou em choque
com os EUA, que criticaram
suas pressões sobre a imprensa, seu papel ambíguo em relação à guerrilha colombiana e
sua aproximação com Cuba.
Nos últimos meses, Chávez
vem perdendo apoio também
entre os militares. Anteontem,
o general Nestor González pediu a renúncia do presidente e
o acusou de mentir sobre sua
relação com os guerrilheiros
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
González foi o sexto oficial do
país a criticar Chávez publicamente em dois meses.
Segundo uma pesquisa de
opinião divulgada no mês passado, 64,8% dos venezuelanos
votariam pela saída de Chávez
em um eventual referendo.
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