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VENEZUELA
Altos oficias pedem renúncia do presidente; comandante do Exército pede desculpas por mortes e nega levante
Situação é incerta, com rumores de golpe
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
A situação política da Venezuela era incerta até a noite de ontem,
em meio a informações desencontradas sobre golpes e as dúvidas sobre o paradeiro do presidente Hugo Chávez após seu pronunciamento em cadeia de rádio
e TV no meio da tarde.
"Parece claro que está em desenvolvimento um golpe militar",
disse à Folha Teodoro Petkoff, diretor do jornal de oposição "Tal
Cual", de Caracas. "O problema é
que parece um golpe bastante singular, no qual a cada tanto um
grupo de oficiais aparece publicamente para pedir a renúncia do
presidente", disse.
A situação parecia cada vez
mais desfavorável ao presidente,
após o comandante-geral do
Exército, Efraín Vásquez, por volta das 20h30 (22h30 em Brasília),
ter se declarado em rebelião contra o presidente.
Vásquez pediu perdão pela repressão às manifestações em frente ao palácio presidencial, em Caracas e ordenou a todos os comandantes militares que permanecessem em suas unidades. "Isto
não é um golpe de Estado, é a posição de solidariedade com todo o
povo venezuelano", afirmou. "Os
mortos de hoje não se pode tolerar."
Anteriormente, dez militares de
alta patente, entre eles o almirante
Héctor Ramírez Pérez, chefe da
Marinha, já haviam se rebelado. O
vice-ministro da Segurança, general Luis Camacho Kairuz, da
Guarda Nacional, também renunciou ao cargo e pediu a renúncia de Chávez.
"Não podemos aceitar um tirano na Presidência. Sua permanência no cargo ameaça o país
com a desintegração", disse Ramírez Pérez, à frente dos outros
nove oficiais. "Nos dirigimos a todo o pessoal militar para que unamos esforços e façamos realidade
uma nova Venezuela", afirmou.
As declarações de rechaço a
Chávez monopolizavam o espaço
nas TVs públicas, que voltaram a
transmitir normalmente no final
da tarde, após terem sido retiradas do ar por ordem do presidente. Não se sabia se a transmissão
voltou com a ajuda operacional
de militares anti-Chávez ou se as
emissoras haviam montado esquemas de emergência para
transmitir a partir de antenas alternativas. A TV estatal transmitia
documentários pré-gravados ontem à noite.
A autoridade de Chávez já vinha
sendo questionada por oficiais
militares desde meados de fevereiro, quando o coronel Pedro Soto pediu publicamente sua renúncia. O coronel da reserva Chávez
vinha menosprezando essas manifestações e garantia ter o apoio
total dos 120 mil membros das
Forças Armadas.
Para os analistas, os pronunciamentos públicos dos militares fariam parte de um plano de distanciamento do presidente. Muitos
deles estavam descontentes com a
proteção dada por Chávez aos oficiais mais identificados com sua
política "bolivariana" e aos seus
antigos companheiros golpistas.
Muitos adversários políticos foram passados compulsoriamente
à reserva nos últimos meses.
"Isso significa que há um alto
grau de descontentamento nas
Forças Armadas. E isso tem um
efeito terrível nas tropas", afirmou o general da reserva Fernando Ochoa Antich, ministro da Defesa em 1992, quando Chávez liderou o golpe contra o presidente
Carlos Andrés Pérez.
Com agências internacionais
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