São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2006

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CRIME

Bernardo Provenzano, preso perto de Corleone, estava foragido havia 43 anos e comandava a Cosa Nostra desde 1993

Itália prende o principal chefe da Máfia

DA REDAÇÃO

Foi preso ontem Bernardo Provenzano, mafioso italiano que estava foragido desde 1963. Conhecido como "chefe dos chefes", ele foi preso nas cercanias da cidade de Corleone, na Sicília.
A polícia italiana havia montado um esquema de vigilância sobre sua família e conseguiu chegar a uma residência rural onde Provenzano, 73, se rendeu.
Durante os anos em que se escondeu, Provenzano foi condenado à prisão perpétua por mais de uma dúzia de homicídios -de mafiosos e autoridades.
A prisão do "Fantasma de Corleone" desviou a atenção da mídia da apuração das apertadas eleições parlamentares.
Quando o mafioso saiu do carro da polícia em Palermo, foi recebido por uma multidão que gritava contra ele: "Assassino".
Segundo as autoridades, câmeras que acompanhavam a movimentação de suspeitos de cumplicidade com o mafioso forneceram as informações que determinaram a prisão. Os investigadores relataram que perceberam um carregamento sair da casa da mulher de Provenzano havia alguns dias. Um carro foi deixando partes do carregamento em outras casas e ontem rumou ao sítio onde o homem foi preso. Era uma carga de lavanderia a que levou ao fugitivo número um da Itália, disseram as autoridades.
Delatores haviam contado à polícia que Provenzano escapou por tantos anos usando casas de camponeses sicilianos para pernoitar. A ilha é um pólo da atividade mafiosa, célebre pela desconfiança que a população comum tem em relação às autoridades.

A Máfia hoje
Segundo promotores, Provenzano assumiu o comando da Máfia siciliana em 1993, depois que o "chefe dos chefes" anterior, Salvatore "Totó" Riina, foi preso em Palermo. Na época, estava em curso a Operação Mãos Limpas, que desbaratou esquemas mafiosos e enfraqueceu as organizações criminosas de todo o país.
Liderando a chamada Cosa Nostra, Provenzano mudou as atividades da Máfia. Segundo as autoridades, a máfia nos últimos anos trocou gradativamente as atividades de tráfico de drogas e extorsão por crimes do colarinho branco -no caso da Cosa Nostra, relacionados a licitações de serviços públicos sicilianos.
Assim, diferentemente de quando Riina liderava, a Cosa Nostra sob o comando de Provenzano teria diminuído a prática de explosões e tiroteios.
Mesmo enfraquecida, a máfia italiana ainda tem poder, como atestam denúncias de manipulação eleitoral -mafiosos teriam exigido que eleitores mandassem fotos das cédulas por celular como prova de obediência.


Com agências internacionais

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