São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Puxada por China, corrida às armas acelera na Ásia

Segundo estudo, país mais do que triplicou gastos de defesa em sete anos; Japão, Coréia do Sul e Rússia seguem evolução

Só Taiwan reduziu verba militar; EUA alimentam escalada no Japão e na Coréia, enquanto Moscou é maior fornecedor chinês

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

O aumento dos gastos militares da China tem sido acompanhado por medida equivalente de seus principais vizinhos e potenciais rivais na Ásia, segundo relatório divulgado nesta semana em Washington pelo Conselho de Relações Exteriores, centro de estudos ligado à elite da política externa dos Estados Unidos.
O documento "Relações EUA-China: uma Agenda Afirmativa, um Curso Responsável" aponta que, em 2000, a China reservou US$ 14,5 bilhões para o Exército Popular de Libertação; em 2007, o valor somou US$ 44,9 bilhões.
Segundo projeções da consultoria conservadora Rand Corporation, citada pelo conselho, em 2025 o montante pode atingir US$ 185,2 bilhões. Assim, o país é o que tem mais condições de equiparar seu poder bélico ao dos EUA -o orçamento militar deste, em 2025, seria de US$ 583,9 bilhões.
"A equipe que escreveu o estudo acredita que muitos dos vizinhos e possíveis adversários da China estão acompanhando de perto a modernização militar do país e fazendo ajustes aos seus próprios projetos de defesa e gastos para ajudar a equilibrar o avanço chinês", afirma o documento.
A Rússia, que na década de 90 relegou a segundo plano a área militar, anunciou neste ano um plano de investir US$ 190 bilhões no Exército até 2015. De US$ 8,1 bilhões em 2001 suas despesas saltaram para US$ 31 bilhões no ano passado. O país é um grande fornecedor de armas para a China e agora quer renovar seu próprio arsenal.
"Embora gaste menos de 1% do seu PIB com defesa, o Japão melhorou significativamente o seu arsenal nos últimos 15 anos", segue o relatório, acrescentando que o país também está trabalhando com os EUA em seu sistema de defesa antimísseis. "Prioritariamente, para enfrentar a Coréia do Norte, mas com óbvia utilidade no caso de um conflito com a China."
Já a Coréia do Sul trocou antigos aviões, fragatas, tanques e outras peças de artilharia por equipamentos mais avançados, muitos comprados dos EUA ou criados em parceria com eles. "O país goza de um alto nível de operação conjunta com as forças americanas, o que provou novamente ao mandar mais de 3.000 soldados para a Guerra do Iraque", diz o estudo.

Taiwan
"Uma das maiores manifestações das aspirações por poder da China é o seu programa espacial", comenta o relatório. Em 2003, ela se tornou o terceiro país a mandar um homem ao espaço e tem como meta chegar à lua em 2024. Entretanto, sua principal preocupação no curto prazo continua sendo a disputa com Taiwan, considerada pela China como uma Província rebelde.
A ilha investiu pesadamente na aviação militar nos anos 90, comprando mais de 200 aviões dos EUA e da França, e aperfeiçoou seus mísseis, "tentando manter uma margem de segurança diante do crescimento das forças chinesas", diz o texto. Mas recentemente os seus gastos passaram a cair: o governo taiwanês não conseguiu recursos para comprar US$ 18 bilhões em armas e equipamentos que o presidente americano, George W. Bush, autorizara vender ao país em 2001.
Os pesquisadores avaliam que Taiwan foi o único vizinho chinês que não pode acompanhar o seu progresso. Por isso, "transferiu aos EUA boa parte da responsabilidade de tentar dissuadir a potência emergente de uma ação militar".


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