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Puxada por China, corrida às armas acelera na Ásia
Segundo estudo, país mais do que triplicou gastos de defesa em sete anos; Japão, Coréia do Sul e Rússia seguem evolução
Só Taiwan reduziu verba militar; EUA alimentam escalada no Japão e na Coréia, enquanto Moscou é maior fornecedor chinês
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
O aumento dos gastos militares da China tem sido acompanhado por medida equivalente
de seus principais vizinhos e
potenciais rivais na Ásia, segundo relatório divulgado nesta semana em Washington pelo
Conselho de Relações Exteriores, centro de estudos ligado à
elite da política externa dos Estados Unidos.
O documento "Relações
EUA-China: uma Agenda Afirmativa, um Curso Responsável" aponta que, em 2000, a
China reservou US$ 14,5 bilhões para o Exército Popular
de Libertação; em 2007, o valor
somou US$ 44,9 bilhões.
Segundo projeções da consultoria conservadora Rand
Corporation, citada pelo conselho, em 2025 o montante pode
atingir US$ 185,2 bilhões. Assim, o país é o que tem mais
condições de equiparar seu poder bélico ao dos EUA -o orçamento militar deste, em 2025,
seria de US$ 583,9 bilhões.
"A equipe que escreveu o estudo acredita que muitos dos
vizinhos e possíveis adversários da China estão acompanhando de perto a modernização militar do país e fazendo
ajustes aos seus próprios projetos de defesa e gastos para ajudar a equilibrar o avanço chinês", afirma o documento.
A Rússia, que na década de 90
relegou a segundo plano a área
militar, anunciou neste ano um
plano de investir US$ 190 bilhões no Exército até 2015. De
US$ 8,1 bilhões em 2001 suas
despesas saltaram para US$ 31
bilhões no ano passado. O país é
um grande fornecedor de armas para a China e agora quer
renovar seu próprio arsenal.
"Embora gaste menos de 1%
do seu PIB com defesa, o Japão
melhorou significativamente o
seu arsenal nos últimos 15
anos", segue o relatório, acrescentando que o país também
está trabalhando com os EUA
em seu sistema de defesa antimísseis. "Prioritariamente, para enfrentar a Coréia do Norte,
mas com óbvia utilidade no caso de um conflito com a China."
Já a Coréia do Sul trocou antigos aviões, fragatas, tanques e
outras peças de artilharia por
equipamentos mais avançados,
muitos comprados dos EUA ou
criados em parceria com eles.
"O país goza de um alto nível de
operação conjunta com as forças americanas, o que provou
novamente ao mandar mais de
3.000 soldados para a Guerra
do Iraque", diz o estudo.
Taiwan
"Uma das maiores manifestações das aspirações por poder
da China é o seu programa espacial", comenta o relatório.
Em 2003, ela se tornou o terceiro país a mandar um homem
ao espaço e tem como meta
chegar à lua em 2024. Entretanto, sua principal preocupação no curto prazo continua
sendo a disputa com Taiwan,
considerada pela China como
uma Província rebelde.
A ilha investiu pesadamente
na aviação militar nos anos 90,
comprando mais de 200 aviões
dos EUA e da França, e aperfeiçoou seus mísseis, "tentando
manter uma margem de segurança diante do crescimento
das forças chinesas", diz o texto. Mas recentemente os seus
gastos passaram a cair: o governo taiwanês não conseguiu recursos para comprar US$ 18 bilhões em armas e equipamentos que o presidente americano, George W. Bush, autorizara
vender ao país em 2001.
Os pesquisadores avaliam
que Taiwan foi o único vizinho
chinês que não pode acompanhar o seu progresso. Por isso,
"transferiu aos EUA boa parte
da responsabilidade de tentar
dissuadir a potência emergente
de uma ação militar".
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