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Godard conta
capítulos da
história do
cinema
do enviado especial a Cannes
Em seu primeiro fim-de-semana, Cannes esperava Bergman,
mas teve de se render a Godard. O
pretexto para a visita do diretor de
"Acossado" foi o lançamento de
dois capítulos inéditos de sua
"Histoire (s) du Cinéma" (História (s) do Cinema), programados
dentro do ciclo Um Certo Olhar.
Contudo, o impacto dos episódios
foi multiplicado por uma entrevista coletiva que representou um oásis de inteligência neste até aqui
decepcionante festival.
"Histoire (s) du Cinéma" é formado por oito capítulos, organizados em pares, de ensaios em vídeo,
nos quais Godard dá sua visão pessoal da história das imagens, cinema incluído, e deste século. Cannes viu os episódios 3A, "Le Monnaie de l'Absolu" (A Moeda do Absoluto), e 4A, "Le Contrôle de l'Univers" (O Controle do Universo),
ambos de 26 minutos.
A estrutura é a mesma: um texto
geralmente lido pelo próprio cineasta serve de esqueleto em torno
do qual se mesclam imagens de filmes e pinturas e sons e músicas.
Palavras ou frases sobrepõem-se
às imagens como sintéticos comentários.
"Falar com ou através das imagens e desenvolver e firmar o pensamento" é como Godard define
seu novo método, repudiando as
tentativas de falar sobre o cinema
apenas pela escrita.
Relaxado e paciente, Godard respondeu a perguntas durante uma
hora na tarde de anteontem. Começou provocativo, sustentando
no maior mercado de filmes do
planeta que o cinema nas salas deu
mais prejuízo do que lucro. Pouco
a pouco, deixou a polêmica de lado
e tornou-se até didático.
E assim falou Godard: "Do ponto de vista estético, o que o cinema
trouxe de novo foi a montagem".
"O cinema é uma arte pacifista,
feita para aproximar". "Um filme
é apenas um momento ou uma
parte do cinema", concluiu.
(AL)
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