São Paulo, segunda, 12 de maio de 1997.



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Godard conta capítulos da história do cinema

do enviado especial a Cannes

Em seu primeiro fim-de-semana, Cannes esperava Bergman, mas teve de se render a Godard. O pretexto para a visita do diretor de "Acossado" foi o lançamento de dois capítulos inéditos de sua "Histoire (s) du Cinéma" (História (s) do Cinema), programados dentro do ciclo Um Certo Olhar. Contudo, o impacto dos episódios foi multiplicado por uma entrevista coletiva que representou um oásis de inteligência neste até aqui decepcionante festival.
"Histoire (s) du Cinéma" é formado por oito capítulos, organizados em pares, de ensaios em vídeo, nos quais Godard dá sua visão pessoal da história das imagens, cinema incluído, e deste século. Cannes viu os episódios 3A, "Le Monnaie de l'Absolu" (A Moeda do Absoluto), e 4A, "Le Contrôle de l'Univers" (O Controle do Universo), ambos de 26 minutos.
A estrutura é a mesma: um texto geralmente lido pelo próprio cineasta serve de esqueleto em torno do qual se mesclam imagens de filmes e pinturas e sons e músicas. Palavras ou frases sobrepõem-se às imagens como sintéticos comentários.
"Falar com ou através das imagens e desenvolver e firmar o pensamento" é como Godard define seu novo método, repudiando as tentativas de falar sobre o cinema apenas pela escrita.
Relaxado e paciente, Godard respondeu a perguntas durante uma hora na tarde de anteontem. Começou provocativo, sustentando no maior mercado de filmes do planeta que o cinema nas salas deu mais prejuízo do que lucro. Pouco a pouco, deixou a polêmica de lado e tornou-se até didático.
E assim falou Godard: "Do ponto de vista estético, o que o cinema trouxe de novo foi a montagem". "O cinema é uma arte pacifista, feita para aproximar". "Um filme é apenas um momento ou uma parte do cinema", concluiu. (AL)



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