São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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Washington diverge sobre visita de Carter a Fidel, que começa hoje

DE WASHINGTON

Enquanto a Casa Branca prepara medidas para apertar ainda mais o embargo e as pressões políticas contra o governo de Havana, começa hoje a visita da mais notória personalidade política dos EUA a Cuba desde que Fidel Castro chegou ao poder, em 1959.
O ex-presidente Jimmy Carter chega hoje a Havana para uma visita de cinco dias, durante os quais conversará com Fidel e com cubanos de todas as tendências. "Não espero que esta viagem mude o governo cubano ou suas políticas, mas é uma oportunidade para explorar assuntos de interesse mútuo entre nossos cidadãos e para compartilhar idéias sobre como melhorar as relações entre EUA e Cuba."
Em Washington, há divergências sobre o impacto que a iniciativa terá sobre as relações entre os dois países. Apesar de a viagem ter recebido a aprovação do Departamento de Estado, que precisa emitir uma autorização especial para qualquer cidadão americano que queira visitar Cuba, a iniciativa de Carter marca a diferença entre duas abordagens que pautaram as iniciativas de Washington com relação a Fidel desde a revolução cubana, em 1959.
Na última segunda-feira, o governo republicano instalado na Casa Branca acusou Cuba de desenvolver armas biológicas e de transferir sua tecnologia para países hostis aos EUA. A acusação foi feita pelo subsecretário de Estado John Bolton. É a primeira vez que os EUA levantam a hipótese de que Cuba esteja desenvolvendo armas de destruição em massa.
Na quinta-feira, Bolton pediu o reforço do embargo contra Cuba e ironizou a viagem de Carter. "A viagem mostra que cabe mais de uma visão dentro do Departamento de Estado", disse ele, durante evento público em Washington, referindo-se à sua discordância com relação à autorização para que Carter viajasse. "Mas não vou mais falar sobre o assunto porque pode haver chefes meus aqui na platéia."
Diferentemente da política de Bush para Cuba, Carter foi o presidente que mais buscou aproximar-se do regime comunista de Fidel. Fez o acordo que instalou a representação diplomática norte-americana em Havana e a cubana em Washington. Além disso, tentou relaxar restrições a viagens a Cuba. Mas a política de Carter fracassou, contribuindo para a sucessão de crises que acabaram com a credibilidade de sua Presidência.
Autoridades da administração Bush consideram "inútil" e "ingênua" a iniciativa de Carter. (MA)



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