|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIPLOMACIA
Ações do presidente irritam aliados; pena de morte é foco de dissensão
Bush inicia difícil visita à Europa
DO "THE NEW YORK TIMES"
Na Europa, há pouco carinho
pelo presidente George W. Bush e
uma forte crença de que os EUA,
sob sua administração, estejam
preocupados apenas com si próprios -poluindo o ar, rompendo
tratados e demonstrando que podem dar início a uma nova corrida armamentista.
O diário alemão "Süddeutsche
Zeitung" o apelidou de "Bush Valentão". Já o programa humorístico francês "Les Guignols de l'Info" disse que Bush não sabe quem
é o presidente Jacques Chirac.
Assim, quando chegar à Espanha hoje para dar início à sua visita a cinco países europeus -que
durará cinco dias-, Bush terá
um longo caminho a percorrer e,
sem dúvida, encontrará mais ceticismo por parte dos aliados europeus dos EUA.
"Sem dúvida, estamos num período em que há uma crescente
desavença dentro da Otan (aliança militar ocidental)", disse Charles Grant, analista político do
Centro para a Reforma Européia,
de Londres. "A Europa e os EUA
estão mudando e não conseguem
se entender", acrescentou.
Alguns analistas políticos salientam que poucos novos presidentes dos EUA foram rapidamente aceitos pela Europa, que,
tradicionalmente, não gosta de
mudanças na Casa Branca. Além
disso, Bush não é responsável por
tudo que desagrada aos europeus
atualmente.
O ativista francês José Bové já
atacava lojas da rede McDonald's
para protestar contra a "hegemonia americana" bem antes de
Bush ser candidato à Presidência
dos EUA.
Mas, em apenas alguns meses,
Bush conseguiu indispor-se profundamente com os aliados europeus, defendendo posições e tomando decisões que causaram
nervosismo dentro da Europa.
Cada vez mais, segundo especialistas, a Europa e os EUA parecem distanciar-se no que se refere
a questões sociais, o que faz com
que seja mais difícil que ambas as
partes se entendam. Para os analistas, trata-se de um distanciamento crescente no que concerne
aos valores.
Diferentemente do que ocorre
nos EUA atualmente, a Europa é
dominada por líderes de centro-esquerda, que crêem que um Estado piedoso seja necessário para
reduzir as desigualdades provocadas pelo capitalismo.
Enquanto os EUA criticam os
elevados impostos que os europeus pagam e o custo do Estado
do Bem-Estar Social, a Europa
acredita que a sociedade americana seja brutal e tenha pessoas excluídas (ou pobres) demais.
Os europeus se chocam sobretudo com a pena de morte, e Bush
deve enfrentar protestos contra
sua aplicação, pois ele chega à Espanha um dia depois da execução
de Timothy McVeigh. Os europeus sabem que Bush foi governador do Texas, o Estado dos EUA
que mais aplica essa pena.
Até mesmo o fato de as filhas de
Bush terem tido problemas com a
Justiça por causa do consumo de
álcool deixa os europeus perplexos. Muitos europeus não entendem por que jovens de 19 anos de
idade não têm o direito de consumir álcool, mas podem votar ou
comprar propriedades.
Os europeus também ficaram
surpresos com o anúncio de Bush
de que os EUA não assinariam o
Protocolo de Kyoto (que estabelece metas para o combate do efeito
estufa). Eles também não concordam com o plano americano de
construir um escudo antimísseis,
pondo em risco a existência do
Tratado Antimísseis Balísticos,
firmado com a URSS em 1972.
Muitos ressaltam ainda a pouca
familiaridade de Bush com assuntos internacionais. Em entrevista
à TV espanhola, chamou o premiê José Maria Aznar de "Anzar".
Texto Anterior: Barco que faz cirurgia pode vir para o Brasil Próximo Texto: Justiça: Americano nega versão da defesa de Menem Índice
|