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Estudo indica aumento de gasto militar
Em seu dossiê anual, centro sueco registra alta mundial de 37% desde 1997 e aponta disputa energética como fator de instabilidade
Para respeitado instituto de Estocolmo, América do Sul é uma das regiões que podem produzir conflitos em torno de recursos como o petróleo
DA REDAÇÃO
Os gastos militares mundiais
cresceram 37% nos últimos dez
anos, segundo relatório do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, que
aponta a crescente disputa por
recursos energéticos como um
dos principais fatores que podem levar a conflitos armados
nos próximos anos, inclusive
na América do Sul.
Em 2006 a despesa total em
armas dos Exércitos nacionais
chegou a US$ 1,2 trilhão, informou o dossiê anual do respeitado instituto sueco (Sipri, na sigla em inglês), alta de 3,5% em
relação ao ano anterior.
A novidade no ranking dos
cinco maiores gastadores, que
continua sendo liderado com
sobras pelos Estados Unidos
(veja tabela), foi a China, que
pulou da quinta para a quarta
colocação e tornou-se o país
com maior investimento militar da Ásia, superando o Japão.
Um dos destaques do relatório é a tensão causada pela
preocupação dos países em garantir sua segurança energética: "A recente intensificação do
debate sobre segurança energética foi motivada pela crescente demanda global por
energia, um mercado de petróleo estreito e com altos preços e
a perspectiva de um futuro de
escassez de gás e petróleo".
"Atitude nacionalista"
Diante desse panorama, "alguns países adotaram uma atitude nacionalista em relação à
segurança energética", mostrando-se dispostos a usar a
força -militar ou econômica-
para proteger seus interesses.
Entre as regiões com "potencial de tensão energética", o relatório aponta, na ordem,
Oriente Médio, África, Ásia
Central e América do Sul.
"Embora a maioria dos países considere o conflito armado
uma medida extrema, é provável que ocorram conflitos internos com uma dimensão
energética, particularmente na
África", afirma o relatório.
Na apresentação do documento, seus autores foram céticos ao avaliar a influência dos
gastos militares na qualidade
de vida. "Convém questionar a
eficácia das despesas militares
para aumentar a segurança da
vida humana", disse Elisabeth
Sköns, chefe do programa de
produção de armas do Sipri.
"Nós sabemos, por exemplo,
que milhões de vidas poderiam
ser salvas por meio de intervenções básicas na área de saúde,
que custariam uma fração do
que o mundo gasta em forças
militares", completou Sköns.
O aumento nos gastos militares teve reflexo direto no comércio mundial de armas. Em
2006, o volume de armas convencionais vendidas no mundo
registrou alta de 50% em relação a 2002. China e Índia foram
os maiores compradores, enquanto EUA e Rússia encabeçaram a lista de exportadores.
EUA e União Européia continuam fornecendo "grandes
quantidades de armas" a países
do Oriente Médio, "apesar de
saberem que trata-se de uma
região muito perigosa", afirma
Siemon Wezeman, chefe do
programa de transferência de
armas do instituto sueco.
O relatório prossegue sua
avaliação da corrida armamentista no Oriente Médio com
uma comparação entre o Irã e
seus rivais na região. "Enquanto muita atenção foi dada ao envio de armas ao Irã, principalmente da Rússia, o fornecimento dos Estados Unidos e de
países europeus a Israel, Arábia
Saudita e Emirados Árabes foi
significativamente maior", diz
o informe.
O instituto de Estocolmo
alerta ainda que o risco de uma
guerra nuclear pode aumentar
nas próximas décadas, quando
o clube atômico deve crescer e
as atuais potências provavelmente desenvolverão mísseis
menores e com maior alcance e
capacidade de transportar ogivas. E acrescenta que o Irã ainda está distante pelo menos
menos cinco anos da capacidade de desenvolver armas atômicas.
Com agências internacionais
NA INTERNET - Leia um sumário do relatório do Sipri
http://www.sipri.org
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