São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2005

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DESAPARECIDOS

Marie Fatayi William foi da Nigéria a Londres para procurar seu filho

Busca revela desespero de familiares

Stephen Hird/Reuters
Marie Fatayi William procura o filho desaparecido no ataque


DE LONDRES

Depois de quatro dias de espera, angústia e procura, pais, irmãos, cônjuges e amigos daqueles que não voltaram para casa na última quinta-feira em Londres começaram a aceitar a idéia de que eles morreram nos atentados terroristas.
Encostado na grade que cerca a igreja em Tavistock Square, onde uma bomba explodiu em um ônibus da linha 30, o neozelandês John Steadman chorava compulsivamente. Após buscas exaustivas, até de bicicleta, ele não tinha conseguido encontrar o cunhado Phillip Russell.
Ele e a mulher, Caroline, irmã de Phillip, tentavam se acostumar com a idéia de que o analista financeiro tinha morrido nas explosões. Segundo Caroline, também muito abalada, a última esperança foi embora quando a polícia entregou à família a carteira de motorista de Phillip e quando ficou claro que ele não estava entre os hospitalizados.
Mas, disse Caroline, "eles têm de seguir adiante". "Temos outra geração para criar, ensinar a diferença entre o bem e o mal."
Phillip teria completado 29 anos ontem. Ele tentou pegar o metrô na quinta-feira, mas teve de deixar a estação por causa de uma das bombas. Por ironia do destino, subiu, justamente, no ônibus 30 que foi atacado.
Antes da passagem da família de Phillip por Tavistock Square, outra cena dramática havia ocorrido no local. A nigeriana Marie Fatayi Williams, que ainda procura o filho Anthony, também desaparecido desde quinta-feira, fez uma declaração desesperada a jornalistas.
"Eu preciso saber o que aconteceu com o meu filho. Ele é o amor da minha vida", disse Marie, que voou da Nigéria para Londres atrás de notícias.
A família acredita que, como Phillip, Anthony foi forçado a tomar rota alternativa. Minutos antes da explosão no ônibus da linha 30, ele ligou para a empresa em que trabalhava para dizer que chegaria atrasado. Revoltada, Marie disse que é hora de parar "o ciclo vicioso de matança". "Quantos corações de mães ainda serão mutilados?".
Jack Pawlik era um dos nomes para contato que estavam no cartaz com a foto da polonesa Karolina Gluck, 29, na estação de King's Cross. Ele disse à Folha que não tinha nenhuma notícia da amiga. "Obviamente, ainda temos esperança de encontrá-la, mas não podemos fazer mais nada", disse. (EF)


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